Opinião

Oxalá!

2 ago 2019 00:00

Dei-me conta dos sons que me chegavam produzidos pelo labor das pessoas e, curiosamente, achei que também eles se encaixavam com harmonia neste espetáculo da natureza!

Hoje acordei com o canto dos pássaros e com o toque dos sinos de uma igreja. Logo a seguir, da janela cimeira da minha sala de trabalho, assisti a uma performance maravilhosa: como se fosse um maestro, e ao mesmo tempo um coreógrafo, o vento pôs-se a dirigir uma sinfonia e um bailado executados, esforçadamente, pelos ramos das árvores e arbustos.

Entretanto, dei-me conta dos sons que me chegavam produzidos pelo labor das pessoas e, curiosamente, achei que também eles se encaixavam com harmonia neste espetáculo da natureza!

Dei comigo a atribuir a cada uma destas observações o mesmo valor: ao canto dos pássaros o valor da beleza pura e natural e lembrei-me de como esta beleza, quando assim o queremos, também se pode observar nas pessoas e isso nos faz tão bem; com os sinos da igreja, recordei o valor de preservar a identidade cultural de cada comunidade deixando de lado preconceitos, a maior parte das vezes produzidos pela ignorância e disparatadas generalizações; já a dança trabalhosa dos ramos das árvores transportou-me para o valor da empatia que nos obriga a sermos flexíveis como elas e assim evitarmos ruturas, que apenas, e só, servem para nos machucar; por último, com os sons produzidos pela humanização dos espaços veio-me à ideia o valor do trabalho enquanto gerador de uma riqueza administrada para servir a satisfação de todas as legítimas necessidades humanas. Pus-me a pensar e não deixa de ser engraçado.

No bairro da freguesia onde até há pouco tempo eu morava, também tinha pássaros, algumas árvores, uma torre de igreja e os sons dos homens e das suas máquinas, no entanto, nunca me foi possível ter a experiência estética que agora tive.

Porquê? Ora, talvez porque a presença das máquinas feitas e utilizadas pelas pessoas era tal que se impunha a tudo o resto. Porque os sinos da igreja também não tocavam ou se tocavam, não era como aqui e eu nunca os ouvi.

Lá, apenas a sirene de uma fábrica e o barulho dos carros se ouviam e só de vez em quando todo aquele ruí

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