Opinião

Pas-de-Masque

1 mar 2022 15:45

Não resta dúvida de que o mundo se diverte entre ricos e pobres

Acabado de vir do Reino Unido, depois de dez dias de nudismo facial, desembarco em Lisboa, metendo de imediato a mordaça, antes de mostrar o passaporte a um agente físico do SEF.

A entrada electrónica está fechada, apesar da tecnologia de ponta e dos preços dos passaportes “digitais”.

Haja esperança, porém, porque de acordo com a Ministra de Estado, filha de ex-Ministro de Tal, talvez daqui a cinco semanas a gente possa mostrar o nosso amarelado sorriso.

Quem já desesperou tanto, pode desesperar um pouco mais.

Em simultâneo: circula na “net” um vídeo do nosso animal social, o Presidente da República, de braço dado com Mácron, a assassinarem uma versão do Grândola Vila Morena do sempre utilitário Zeca, dispensados pelo alto desígnio daquele momento entre nações das máscaras que a seus cidadãos afocinham.

Um político quando mete a máscara mete-a sempre em cima da outra máscara que já usa.

Todavia, quando nos obrigam a usar a máscara Covid que eles próprios não usam, cai-se-lhes, paradoxalmente, a outra “máscara” que já se lhes colou à pele.

Apesar de “eleitos” por sufrágio (nem sempre corre assim tão bem, não é Ó Diáspora Portuguesa?) não resta dúvida de que o mundo se diverte entre ricos e pobres. Entre poderosos e (que remédio) seguidores:

Ó Tu que dormes, usa máscara para ires às compras.

Eu, Marcelo Todo-Poderoso, não uso a máscara num jantar de elite.

É afinal esta cisão que manda no mundo, substanciada pelo último e mais duradouro efeito da “pandemia”: o total e impune desrespeito pelas regras por parte de quem as fez.

Por toda a vida destroçada, por toda a baixa Covid não paga, por cada família com fome há um Marcelo em Paris a beber Châteaux; um Guterres a salvar o mundo em almoços à beira-rio; um Costa a vender a televisão para comprar o vídeo, um país triste, calado, açaimado.

Pas de masque mais beaucoup de problémes.

Lá fora, o Sol brilha.