Opinião

Psicopolítica

29 set 2016 00:00

“A psicopolítica configura uma técnica de dominação que, em vez dos antigos métodos opressores, recorre a um poder sedutor e inteligente, que consegue que os cidadãos se submetam por si próprios às forças de dominação.”

Vivemos um tempo de coacções; tempos de violência, senão física, psicológica. E dizem-nos que é por amor à liberdade e a um futuro mais próspero. Chega-se mesmo a dizer (ironicamente, só pode ser!) que poderemos viver num estado de bem-estar dúplice. Isto é, pode-se viver hoje, agora e já com mais liquidez (mais dinheiro no bolso para com ele adquirir a felicidade – paradoxal -, e ao mesmo tempo poder-se-á ver ali a correr em paralelo um futuro cheio de contas (dívidas) sem que as tenhamos de solver no amanhã.

Contudo, o que surpreende é ouvir a todo passo o primeiro magistrado da nação a corroborar tais pontos de vista. Falaciosos. A situação tem e deve ser repensada. Porém, para que não tenhamos de equacionar (reequacionar, se se quiser) muitos dados, também eles falaciosos, poderemos reflectir no que nos diz o filósofo Byung-Chul Han: “A psicopolítica configura uma técnica de dominação que, em vez dos antigos métodos opressores, recorre a um poder sedutor e inteligente, que consegue que os cidadãos se submetam por si próprios às forças de dominação.”

Com efeito, em sumária apreciação, poder-se- -á concluir que vivemos tempos de um novo capitalismo. O Capitalismo da Emoção. Mesmo sem dinheiro disponível, mas com toda a certeza de uma dívida pública a aumentar cada vez mais, tendo por base o que nos vão impingindo, achamo-nos emocionalmente felizes. Felicíssimos.

*Mestre em Gestão

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