Opinião
Quotas para que te quero?
Depois de meses a anunciar e a adiar, o Governo avançou com a proposta de quotas para empresas do setor público e para cotadas em bolsa, estabelecendo um limiar de 33,3% até 2020.
Sou uma assumida (e convertida) defensora de quotas na elaboração das listas no que à atividade política diz respeito. Fui vencida pela realidade de olhar à minha volta e ver nos órgãos que devem representar a sociedade uma fraca ou quase inexistente representação de cerca de 50% da população portuguesa.
Estou já cansada de ouvir que a discriminação de género é um mito nos dias de hoje e sei também que se não fosse a lei da paridade, que conta já com dez anos de vida, seria residual a participação das mulheres nas autarquias, nos parlamentos nacional e europeu.
Já quando falamos do setor empresarial tenho para mim, como defensora da liberdade de iniciativa económica, que a história é outra. Esta mania de este Governo se imiscuir na atividade empresarial é, acompanhada de outras medidas que têm sido tomadas, um atropelo e uma ingerência inaceitável.
As desigualdades salariais entre homens e mulheres existem: no salário, na progressão na carreira, no acesso a lugares de topo das empresas, na conciliação da vida familiar e profissional e a proposta do Governo em (quase) nada vai alterar isso.
Olhando para o nosso tecido económico, 99% das empresas são PME, facilmente se percebe, por isso, que esta medida é apenas propaganda. Mas, mais do que show off, esquece o que se fez nos últimos anos.
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*Deputada do PSD
(A autora do texto escreve segundo as regras do "Acordo" Ortográfico de 1990)