Opinião
Regueira de Pontes – Uma freguesia sob ameaça
A profunda transformação do território e da vida das pessoas, com a linha de alta velocidade, ocorrerá na freguesia de Regueira de Pontes
Desde o dia 28/9/22 que o presidente da Câmara Municipal de Leiria (CML) se vem congratulando com o facto de Leiria receber uma estação da linha de alta velocidade (LAV). E, desde essa data que o projecto LAV tem sido tratado de forma pouco esclarecedora à população. Não é possível avançar com a LAV sem que haja uma profunda alteração do território.
Aqui em Leiria, o debate centrou-se à volta da localização da estação de alta velocidade – se seria na Barosa ou em Leiria Gare/Sismaria. No dia 15/12/23, em Assembleia Municipal, o presidente da CML assumiu a sua incompreensível e irresponsável posição a favor da estação LAV na actual Leiria Gare.
Se a estação LAV viesse para a cidade de Leiria, afectaria 66 edificados e com impactos de ruído e vibração em 140 habitações, para além de imputar ineficiência de tempo aos comboios. Toda esta discussão sobre a localização da LAV já se modificou. A solução em Leiria Gare já não está contemplada pela Infraestruturas de Portugal (IP). A futura estação LAV será na Barosa, algures no lugar do Vale da Arieira.
Mas a profunda transformação do território e da vida das pessoas ocorrerá na freguesia de Regueira de Pontes. A 19/12/23, a Assembleia de Freguesia de Regueira de Pontes expôs a sua preocupação sobre o traçado A, solução da IP em Leiria Gare, no sentido dos acentuados e irreversíveis impactos – cerca de 60 edificados, construídos e licenciados, habitacionais, empresariais e outros, para além da freguesia ser praticamente cortada por viadutos (FlyOver).
Numa tentativa de salvaguardar a integridade e a harmonia da terra e das suas gentes, Regueira de Pontes propôs à IP, como solução alternativa, um traçado D que praticamente anula os impactos sobre a freguesia, propondo o traçado B+D a norte de Barreiros (Amor) e colocando a estação LAV na Barosa. Trata-se de uma proposta minimizadora de impactos gerais no concelho e pensada de forma integrada.
No passado mês de Abril, Regueira de Pontes recebeu uma carta da IP dando-lhe resposta. A empresa promotora da LAV tem, actualmente, duas soluções de traçado em estudo. Ambas as soluções vão implicar a desactivação da Linha do Oeste (LO) em Sismaria, i.e., a solução da estação LAV em Leiria Gare já não existe.
As duas soluções em estudo vêm por dentro de Regueira de Pontes, passam a sul de Barreiros e propõem a estação LAV na Barosa com maior incidência em Vale da Arieira. Uma solução (B) mais orientada para os pinhais na zona do Fagundo e a outra (A) mais a sul. Segundo a IP, a proposta de solução B+D apresentada por Regueira de Pontes não é viável por razões técnicas, mas a empresa compromete-se a estudar uma solução minimizadora dos impactos na freguesia.
Neste exacto momento, Regueira de Pontes está sob ameaça na medida em que não se sabe quais serão as futuras implicações da LAV no seu território. Várias decisões de investimento (empresariais e habitacionais) estão em suspenso à espera de que a IP, em conjunto com a CML, possa evitar que a LAV desconfigure de forma terrível a paisagem e a vida das suas gentes.