Opinião

Sem estratégia não há sucesso

14 fev 2022 15:45

Este tema da estratégia torna-se particularmente crítico no momento político que atravessamos no nosso país

“Se conhecemos o inimigo e se nos conhecemos a nós próprios, não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se nos conhecemos a nós, mas não ao inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem conhecemos o inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas."

Esta é uma das muitas citações da Arte da Guerra, de Sun Tzu (século IV a.C.) um livro famoso que, a certa altura, todos os gestores liam e citavam, a par de O Príncipe, de Maquiavel (escrito em 1513), no caso dos políticos.

Contudo, o pai-fundador da estratégia empresarial foi Igor Ansoff (1918-2002), um russo-americano que publicou o primeiro livro no mundo sobre estratégia empresarial (Corporate Strategy), a verdadeira bíblia da estratégia.

A sua contribuição para a estratégia centrou-se numa ferramenta chamada Matriz Ansoff, de fácil entendimento, mas que exige muita preparação de trabalho para que não conduza a decisões arriscadas, ou seja, é obrigatório conhecer bem o contexto do negócio, os concorrentes, o mercado a visar de modo que se procurem sinergias para o crescimento.

A Matriz Ansoff tem tudo a ver com a citação de Sun Tzu, no início deste texto.


Depois de Ansoff muitos livros foram escritos sobre estratégia, desenvolvendo teorias nem sempre originais.

Porventura, podemos destacar as 5 Forças, de Michael Porter, e a Analise SWOT, esta última actualmente muito utilizada.


Este tema da estratégia torna-se particularmente crítico no momento político que atravessamos no nosso país, com uma maioria absoluta no Parlamento que irá permitir tomar decisões a médio prazo e não navegar sem bússola ao sabor das marés, completada por abundância de fundos para concretizar as políticas necessárias ao aumento sustentado da produtividade da economia para níveis europeus.

É uma responsabilidade enorme do próximo Governo pôr o país a crescer de forma sustentada pensando, sobretudo, na prosperidade para as gerações mais jovens, actuais e futuras, protegendo, igualmente, os mais idosos, os pobres e todos os deserdados da sociedade.

Para o conseguir é crítico formular uma visão clara para o Portugal do futuro com a qual o país esteja alinhado.


É fundamental que os apoios que venham a ser dados não se destinem apenas a manter as coisas vivas, mas com o objectivo de apoiar a transformação para o futuro.

Deve ser exigido um plano estratégico credível aos beneficiários desses apoios e responsabilizá-los pela obtenção de resultados.

Lembro uma frase de abertura de Ansoff numa palestra sobre estratégia a que assisti, nos anos de 1990, em Lisboa: “Desconfiem sempre das estratégias de sucesso do passado; não serão certamente as estratégias de sucesso do futuro”.