Opinião

Teorias rurais

14 jun 2020 15:15

Ao alcançar o areal aguardei um momento pelo semáforo, que pouco tempo depois me concedeu autorização para a avançar. Utilizando canas, paus e pedras que recolhi no local, marquei o meu perímetro de segurança.

O recente surto de epidemiologistas tem criado problemas sérios aos cidadãos informados.

Entre fármacos, mezinhas e exercícios respiratórios, ando baralhado sobre que ações tomar em plena pandemia.

Já ouvi falar em transfusões com sangue quente, na utilização de uma “luz interior”, em beber água morna, no extrato de artemísia, no poder antiviral do açafrão, ou, mais recentemente, no cocktail verde que os vizinhos marroquinos têm utilizado: à base de funcho, murta, loureiro, rosmaninho e oleandro.

Para além desta brevíssima súmula, poderia ainda avançar para a MTC (Medicina Tradicional Chinesa), também ela carregada de possibilidades.

Optei por não o fazer, de forma a não alimentar o sururu que afirma que houve mais fatalidades em Barcelona do que em toda a China.

Por entre tantos caminhos optei, sem surpresa, por não fazer nada.

E, fiel aos usos e costumes locais, segui para o litoral, confiando no poder lenitivo da conjugação de iodo e vitamina D.

Ainda não há dados concretos sobre esta metodologia de tratamento, mas a amostra é significativa e seguramente que por meados de julho teremos já resultados consolidados.

Ao alcançar o areal aguardei um momento pelo semáforo, que pouco tempo depois me concedeu autorização para a avançar.

Utilizando canas, paus e pedras que recolhi no local, marquei o meu perímetro de segurança.

Prendi ao tornozelo um cão que trouxe comigo para securizar o território e pus-me, enfim, a desconfinar!

Recomendo que não arrisquem avançar para norte da Polvoeira, onde encontrarão zonas tocadas por assinaláveis índices de contaminação microbiológica.

Aos (poucos) leitores indisponíveis para replicar esta inovadora experiência balnear, recomendo meditação sobre o sempiterno tema das obras (em francês, travaux, antecipando já a chegada de concidadãos radicados no exterior).

Notem o ritmo compassado utilizado junto à Av. das Comunidades Europeias (para os lados do hospital), onde desde o final de janeiro estão a tentar fazer uma rotunda.

Para os amigos do detalhe, convido ao estudo dos trabalhos que transformarão a Av. Nossa Senhora de Fátima numa “avenida tecnológica”, onde, entre outras curiosas informações, se indicará o valor a pagar para estacionar o carro.

Texto escrito segundo as regras do Acordo Ortográfico de 1990