Opinião

Vale tudo?

14 out 2016 00:00

A outra razão circunstancial tem fama mundial e tem a ver com o processo de eleição de António Guterres para Secretário-Geral da ONU. É que se esteve quase a aplicar o princípio da anedota que, felizmente, desta falhou.

Meu Caro Zé,

Há uma anedota que corre há anos em que se refere a existência de um concurso para um lugar que impunha exigentes capacidades científicas, técnicas e humanas, tendo sido selecionados para a escolha final três fortes candidatos, sendo um particularmente forte na área científica, o outro na técnica e o terceiro nas relações humanas.

Pergunta: Qual foi o candidato escolhido?
Resposta: O filho do ministro que nem tinha entrado no concurso.
Lembrei-me desta anedota por duas razões circunstanciais: a primeira por verificar que esta perversão não se verifica só no âmbito público, mas também no privado, em que concursos para recrutamento são apresentados com todo o ar de rigor para depois ganhar o “filho de alguém”.

Reconheço, no entanto, que há uma diferença. No primeiro há um aproveitamento privado da coisa pública, enquanto no segundo se passa tudo no “reino” privado. Só do ponto de vista da (falta) de ética é que há fortes semelhanças.

A outra razão circunstancial tem fama mundial e tem a ver com o processo de eleição de António Guterres para Secretário-Geral da ONU. É que se esteve quase a aplicar o princípio da anedota que, felizmente, desta falhou.

Por detrás de tudo isto está a “democracia” que tão bem descreve George Orwell: “Somos todos iguais, mas há uns mais iguais que outros”. E esses outros têm poderes que usam para impor a sua vontade, ultrapassando mesmo leis e regulamentos, não sendo, em geral, incomodados pela comunicação social nem pelos responsáveis da aplicação das leis.

Vou dar dois exemplos, um de natureza privada e outro de natureza pública.

*Professor universitário
Texto escrito de acordo com a nova ortografia

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