Editorial
Velhos problemas, novos desafios
Uma vénia ao tecido empresarial da região, que soube elevar a fasquia da resiliência e da inovação
No ano em que se comemorou o cinquentenário do 25 Abril e celebrou o 40.º aniversário do JORNAL DE LEIRIA, a região assistiu, à semelhança do que se passou em todo o País, ao agravamento da crise na Saúde - com urgências hospitalares encerradas por períodos nunca antes vistos -, ao aumento da dificuldade no acesso à habitação e ao crescimento significativo do número de imigrantes, o que lançou novos desafios ao poder local, não só para tentar fixar médicos, mas também para responder à crescente procura de casa, à resolução dos problemas de mobilidade e de integração social.
Logo no início de 2024, nasceu a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL), trazendo com ela a promessa de uma maior eficiência na assistência aos utentes. Os hospitais e agrupamentos de centros de saúde passaram a estar integrados num sistema único, mas, num balanço aos primeiros seis meses de actividade, os próprios profissionais de saúde deram nota negativa ao funcionamento deste novo modelo. E os utentes sentiram isso na pele ao verem fechadas várias urgências aos fins-de-semana, ou por períodos mais extensos durante o Verão, uma contingência que ainda se verificava pontualmente no final do ano.
Depois da instabilidade gerada, primeiro pela pandemia, depois pelos protestos dos professores, técnicos, auxiliares e administrativos, a Educação parece ter recuperado a rota da normalidade, havendo ainda a registar significativos investimentos na melhoria de infra-estruturas escolares: foi inaugurado o Centro Escolar de Marrazes, no concelho de Leiria, e foram iniciadas ou anunciadas obras em estabelecimentos escolares de Leiria, Marinha Grande, Pombal, Porto de Mós e Ourém.
No Desporto, em ano de Jogos Olímpicos, Irina Rodrigues, natural de Leiria, estabeleceu um novo recorde nacional no lançamento do disco e garantiu sua qualificação para as Olimpíadas, onde, pela primeira vez, chegou à fase final da competição. O ciclista João Almeida, das Caldas da Rainha, alcançou o 4.º lugar na Volta a França e o 2.º na Volta à Suíça, e Gabriel Mendes, seleccionador nacional de ciclismo de pista, da Marinha Grande, viu dois dos seus pupilos conquistarem uma medalha de prata e de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris.
A nível político, o ano começou praticamente com a mudança de Governo e de figurino parlamentar. O partido Chega, classificado por alguns politólogos como sendo de extrema-direita, atingiu um resultado histórico e tornou-se no terceiro maior grupo parlamentar na Assembleia da República. Uma mudança de cenário verificada, de resto, um pouco por toda a Europa, com o avanço significativo da direita nacionalista e radical em países como a França, Alemanha, Bélgica, Áustria, Países Baixos e Itália. Avizinha-se, por isso, a entrada em cena de novos protagonistas, para as eleições autárquicas agendadas para 2025.
Na Cultura, destaque para a inauguração de novos espaços promotores das artes, da preservação da história e identidade da região, nomeadamente, a Black Box em Leiria, o Museu das Máquinas Falantes em Alcobaça e o Museu Nacional Resistência e Liberdade em Peniche. O panorama musical ficou também marcado pela estreia do projecto Rockin’1000 em Portugal, que reuniu mil músicos no Estádio Municipal de Leiria, e para o anúncio do regresso dos Silence 4, em 2025.
Embora este ano a região tenha sofrido menos incêndios de grandes dimensões, registou- -se um aumento do número de incendiários identificados, o que não deixa de merecer preocupação, se tivermos em consideração que as alterações climáticas continuam a provocar efeitos devastadores, com ondas de calor, secas e inundações em várias parte do mundo.
Finalmente, na área da economia, uma vénia ao tecido empresarial da região, que soube elevar a fasquia da resiliência e da inovação para responder às incertezas dos mercados internacionais, às mudanças geopolíticas e aos impactos gerados pelas guerras na Ucrânia e no Médio Oriente. O poder local correspondeu com a apresentação de projectos de investimento e requalificação de áreas industriais na região.
De destacar também, na área da mobilidade, o início do novo terminal rodoviário, em Leiria, e dos vários projectos para melhorar a oferta de transportes públicos. Para o ano que se anuncia, são esperadas mais descidas das taxas de juro e a redução da inflação. O Banco de Portugal prevê também um crescimento económico do Produto Interno Bruto de 2,2%, valor que deverá situar-se em 1,7% em 2024.
Um excelente 2025.