Entrevista
Rita Morais: “Vamos ter de retirar estímulo ao nosso cérebro, que é imenso, e fazer mais pelo nosso bem-estar”
6 nov 2025 08:00
A psicóloga alerta para o impacto que o perfeccionismo ilusório “vendido” nas redes sociais tem sobre a auto-estima de adolescentes e adultos
Os portugueses ingerem, em média, o dobro das calorias diárias recomendadas. Estamos mais gulosos ou mais carentes?
Não acho que estejamos mais gulosos. Andamos com muita pressa, o ritmo é muito acelerado. É muito difícil conseguirmos, de forma saudável e equilibrada, ajustar o ritmo acelerado e aquilo que nos é exigido, àquilo que é saudável, que é quase o seu contrário. Precisamos de algum tempo de paragens, não só para a escolha dos alimentos, para ir ao supermercado, como para a preparação dos alimentos. Hoje em dia, olhando para o ritmo que temos, dá muito trabalho. Olhando para trás, para o nosso histórico, com a mulher muito mais presente em casa, a cuidar do lar e a preparar refeições, percebemos que essa já não é a nossa realidade. Hoje temos o homem e a mulher a trabalhar, não há muito tempo, nem de escolha nem de preparação dos alimentos, nem da própria refeição em si. Do ponto de vista profissional, estamos num ritmo muito mais acelerado do que as nossas emoções e depois temos de compensar de alguma maneira. Em paralelo, temos uma indústria da alimentação a crescer fortemente em alimentos altamente processados e calóricos, que dão satisfação e saciedade que não é real, mas que naquele momento resolveram o problema.
De que forma se revertem casos de vício, de compulsão alimentar?
Casos de vício nunca são de fácil resolução, de açúcar, de sal, de droga, de redes sociais ou do que for. Nunca é fácil do ponto de vista psicopatológico e emocional. Mas também nem todos os que consomem muitas calorias são viciados. Temos muitas pessoas que consomem muitas calorias, uns por falta de conhecimento, outros devido ao tal ritmo de vida acelerado e estilo de vida desajustado. Mas não quer dizer que estejam viciados no açúcar, no sal ou em comidas altamente processadas. Uma coisa é falar de alimentação incorrecta, pouco consciente e educada, outra coisa é um vício que compense. Quero acreditar que a maioria não tem uma alimentação sábia. Mas há muitas pessoas que desenvolvem uma compulsão, uma
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