Sociedade

A capelinha que resistiu à bomba e à demolição

8 mar 2019 00:00

A propósito do centenário da construção da capelinha das aparições, o JORNAL DE LEIRIA recorda alguns episódios marcantes da história deste templo, que é considerado o coração do Santuário

Foto: Arquivo Santuário de Fátima
Foto: Ricardo Graça
Foto: Ricardo Graça
Foto: Ricardo Graça
Foto: Ricardo Graça
Foto: Ricardo Graça
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Foto: Arquivo Santuário de Fátima
Foto: Arquivo Santuário de Fátima
Foto: Arquivo Santuário de Fátima
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Foto: Arquivo Santuário de Fátima
Foto: Ricardo Graça
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Foto: Ricardo Graça
Maria Anabela Silva

A pressão do povo, que desde 1917 ia acorrendo à Cova da Iria, para que aí se construísse uma capela, em homenagem à Virgem, era cada vez maior. Essa vontade popular surge, desde a primeira hora, alimentada pela mensagem dos três videntes, que “deixam claro” que havia um pedido de Nossa Senhora para que, naquele monte ermo e virgem, fosse erigido um templo.

Seria, contudo, necessário, esperar até 1919 para que construção avançasse. Já havia esmolas reunidas para financiar e as autoridades eclesiásticas, que inicialmente desconfiaram do fenómeno das Aparições, acederam, finalmente, a que a edificação se fizesse.

E fez-se pelas mãos do povo, mais concretamente, pelo labor de dois artífices - Joaquim Barbeiro e Manuel Inácio, que viviam na Chaínça e Casal do Meio (São Mamede), lugares vizinhos da Cova da Iria - que, em poucos meses, puseram a capelinha de pé.

A ermida ficaria concluída em Junho de 1919, mas só dois anos depois, em 13 de Outubro de 1921, recebeu a primeira missa. A propósito dos 100 anos da Capelinha das Aparições, que são narrados numa exposição Capaela Múndi, patente no Convívio de Santo Agostinho, na Basílica da Santíssima Trindade (ver caixa), o JORNAL DE LEIRIA recorda alguns dos episódios marcantes deste templo, considerado por muitos como o coração do Santuário de Fátima, que sobreviveu a um atentado bombista e a várias tentativas de demolição.

Nesta história, há uma figura feminina que emerge: Maria dos Santos Carreira, que ficaria conhecida como “Maria da Capelinha”, uma mulher do povo, que vivia na Moita Redonda, um lugarejo localizada nas imediações da Cova da Iria, e que, desde a primeira hora, assumiu o papel de zeladora do templo.

Ainda antes, limpou o mato em torno da azinheira - onde, segundo a narrativa das Aparições, terá aparecido Nossa Senhora -, que enfeitava com fitas.

Foi também ela que assumiu o papel de fiel depositária das esmolas que os peregrinos iam deixando e que financiaram a construção da capela.

“[Maria Carreira] Foi a primeira tesoureira deste lugar”, diz Marco Duarte, director do Museu do Santuário de Fátima, contando que, segundo cronistas da época, “ninguém queria ficar com dinheiro” dos peregrinos e que seria esta mulher simples a chamar a si essa tarefa.

Já depois da obra feita, Maria Carreira assumiu-se também como zeladora da capelinha e da imagem de Nossa Senhora.

Nesse papel, voltaria a ser personagem importante num outro momento marcante do templo, ocorrido a 6 de Março de 1922.

Na madrugada desse dia, a capela sofreu um atentado à bomba, que a deixa parcialmente destruída. Salvaram-se as paredes e a imagem de Nossa Senhora, que estava à guarda de Maria Carreira.

“Era hábito recolhê-la em sua casa. [A imagem] Só vinha para os dias de festa e de celebração”, conta Marco Duarte. Seria, então, graças a esse procedimento que a imagem ficou a salvo daquele atentado, levado a cabo por desconhecidos.

Aquele investigador frisa que “nunca se apurou claramente quem foi o autor” do ataque, sendo que “a correspondência da época deixa intuir que terá sido perpetrado por um grupo ligado à maçonaria, que, por razõe

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