Sociedade
A pé da Dinamarca à Tanzânia para levar água
Projecto Walking For Water passou pela Nazaré e por Leiria
Chama-se Charlie Uldahl Christensen, é dinamarquês, e decidiu tirar dois anos e meio para caminhar 18 mil quilómetros e levar água a Lengasti, uma remota aldeia da Tanzânia, que não possui um sistema de abastecimento de água potável.
O mentor do projecto Walking for water esteve em serviço de voluntariado num orfanato daquela aldeia em 2013, e apercebeu-se das dificuldades dos habitantes no acesso a bens básicos. Para terem água, têm de percorrer 19 quilómetros até à aldeia mais próxima (mais 19 para o regresso), de onde a transportam, em baldes, com a ajuda de mulas.
Convencido da urgência da mudança de rumo dos acontecimentos e da sua capacidade para melhorar a situação da aldeia, Charlie Christensen regressou ao seu país, e, aos 27 anos, criou a página Walking for Water, fazendo-se, depois, à estrada, numa "peregrinação filantrópica".
Pelos sítios por onde passa, vai contactando as empresas locais para conseguir patrocinadores e levar água potável aquela aldeia.
Hoje, esteve na Nazaré, depois de ontem ter passado por Leiria.
Recebido pelo presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Walter Chicharro, a quem apresentou o projecto.
O autarca classificou de “muito interessante” a iniciativa do dinamarquês, a quem enalteceu o esforço de para tentar melhorar a vida de outras pessoas.
“Nos países desenvolvidos a água não é um bem garantido a 100%, mas nos países africanos as dificuldades em satisfazer as necessidades básicas da população são, certamente, maiores. A iniciativa de Charlie Christensen tem o nosso apoio, apesar das nossas limitações, pelas razões já conhecidas."
O dinamarquês aproveitou a sua passagem pela Nazaré para conhecer melhor uma “praia famosa pelas suas ondas anormalmente grandes", refere a autarquia em comunicado.
Como vive Charlie Christensen
Além da mochila que traz às costas, anda sempre com um carrinho, onde transporta a tenda, as roupas e uma espécie de cozinha improvisada. Se lhe oferecerem alojamento em regime de couchsurfing, Charlie agradece. É ao lema “caminhar para que outros não tenham que o fazer” que se agarra sempre que o corpo quebra e pede para descansar.