Actualização: DGArtes propõe apoio de 55 mil euros para o Jazz Valado

ACTUALIZAÇÃO (10 Junho 2023, às 10:40 horas): Já depois do fecho, no dia 6 de Junho, deste texto, publicado originalmente na edição em papel número 2030 do JORNAL DE LEIRIA, a Direcção-Geral das Artes (DGArtes) divulgou, às entidades que apresentaram candidaturas, o projecto de decisão do mais recente concurso de apoio a projectos de programação. O júri recomenda a atribuição de um apoio de 55 mil euros à organização do festival Jazz Valado, cuja candidatura obteve a terceira pontuação mais alta a nível nacional. Inicia-se, agora, a fase de audiência de interessados, que precede a decisão final. Anteriormente, o Jazz Valado já tinha apresentado uma candidatura ao concurso de apoio sustentado às artes – programação, na modalidade quadrienal, decidido em Dezembro, que não foi contemplada, apesar de ser a que obteve a melhor pontuação a nível nacional entre todas as que ficaram de fora, apenas a décimas da última candidatura proposta para apoio, o que deixou o festival (organizado através da Biblioteca de Instrução e Recreio de Valado de Frades) pela primeira vez, em anos, sem financiamento da DGArtes. A equipa do Jazz Valado apresentou, então, uma nova candidatura, a outro concurso, o concurso de apoio a projectos de programação, que encerrou no início de Fevereiro – e o projecto de decisão, conhecido, então, esta semana, significa que o festival deverá, afinal, contar com financiamento da DGArtes. “Ficámos nos apoiados para os projectos para 18 meses que nos cobre duas edições. Com um apoio de 55 mil euros”, adianta Adelino Mota, director artístico do Jazz Valado, ao JORNAL DE LEIRIA. O objectivo, agora, é, em datas ainda a definir, apresentar mais um grande concerto no cine-teatro e realizar as actividades de jazz nas escolas, que, inicialmente, estavam previstas para a edição de 2023 do festival.

“É um enorme desafio”, admite a cantora Cristina Maria, que neste sábado, 10 de Junho, vai a palco com a Big Band do Município da Nazaré para um concerto, no mínimo, surpreendente.

Vários temas tradicionais, alguns deles popularizados pela voz de Amália Rodrigues, estão incluídos, com novos arranjos, no programa “Há Fado no Jazz”, que abre o 26.º festival do Valado, sob a direcção do maestro Adelino Mota.

“Como é possível, de um fado tradicional, fazer isto?”, questiona a artista residente no concelho da Batalha, já com cinco álbuns editados. “Estou felicíssima”.

O elogio é dirigido aos músicos da Big Band da Nazaré com quem ensaiou nas últimas semanas. Saxofones, trombones, trompetes, piano, guitarra eléctrica, baixo e bateria tomaram o lugar da guitarra portuguesa e da guitarra clássica – e o resultado é “uma desconstrução completa” do fado, envolvido por outra linguagem.

“Fazer bem e fazer diferente é aquilo que um criativo gosta”, comenta a fadista, que em 2022 assinalou 15 anos de carreira e no espectáculo de 10 de Junho, no Cine-Teatro da Nazaré, com início às 22 horas, também vai interpretar canções do seu próprio repertório.

Adelino Mota pede “que o público tenha coragem” para aderir a um momento “muito especial”. Depois de partilhar o palco com Lena D’Água, Sónia Tavares e Carlos Alberto Moniz em edições anteriores, desta vez a Big Band da Nazaré optou por “um crossover” que arrisca “misturar o fado com o jazz”.

“Acho que vamos conseguir uma coisa realmente ímpar”, antecipa o maestro e director artístico do festival. “Está a ficar bastante impressionante”. A orquestra reúne 17 instrumentistas, além da cantora residente, Júlia Valentim. Os novos arranjos, de vários autores, mantêm a identidade jazz sem deixar de respeitar as melodias do fado.

“A arte é dos arrojados”, assinala Adelino Mota. “Há sempre quem goste, quem não goste”. E conclui: “Sinceramente, penso que resulta muito bem”.

Rão Kyao e LiftOff

O 26.º Jazz Valado prossegue a 23 e 24 de Junho na sala da Biblioteca de Instrução e Recreio de Valado de Frades, com concertos de Rão Kyao com o trio Noa (Nuno Costa, Óscar Graça e André Sousa Machado) e do projecto Long Ago And Far Away (João Moreira, P Moreira, Bruno Santos, João Pedro Coelho, Bernardo Moreira e André Sousa Machado).

Na mesma sala, mas nos dias 30 de Junho e 1 de Julho, respectivamente, tocam o Nazaré Capbreton Sextet 23 (André Murraças, André Ramalhais, Felix Robin, Robin Jolivet, Théo Castillo Bertran e Pedro Felgar) e o quarteto LiftOff (Jeffery Davis, Óscar Graça, Nelson Cascais e Diogo Alexandre).

O sexteto Nazaré Capbreton reúne músicos dos dois municípios geminados que vão preparar temas originais numa residência artística a decorrer na Nazaré e que voltam a apresentar-se ao vivo, mas em França, logo no início de Julho.