Sociedade
Adopção: amor e bem-estar das crianças não têm orientação sexual
O Parlamento aprovou na generalidade a adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Os especialistas consideram que esta é uma medida favorável às crianças institucionalizadas
Cada vez é mais comum encontrar casais de pessoas do mesmo sexo com filhos, quer por via da inseminação artificial, fertilização in vitro ou através da adopção singular. Famílias em que um dos elementos até agora não tinha quaisquer direitos legais sobre a criança.
Na passada sexta-feira, o Parlamento aprovou na generalidade a adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Com a aprovação dos diplomas serão eliminadas as restrições à adopção de crianças por casais homossexuais em união de facto e por casados com cônjuges do mesmo sexo.
A possibilidade é alargada à figura do apadrinhamento civil de menores. Margarida (nome fictício) aplaudiu de pé a aprovação parlamentar e considera que é um passo para mudar mentalidades, embora admita que “tudo vai ser muito lento, pois as mentalidades não são nada fáceis de mudar”.
Adoptar uma criança com a sua companheira é uma hipótese que coloca. “Quero fazer a diferença na vida de uma criança”, confessa, considerando uma “hipocrisia” aqueles que apontam o bullying como um problema.
“O amor é o mais importante. Mais vale sofrer de bullying, como quase todos nós sofremos de uma maneira ou outra, do que estar institucionalizado e ser violentado ou não saber o que é uma família.”
Quanto à necessidade de ter um pai e uma mãe, Margarida responde: “e os divórcios, que são cada vez mais? Essas crianças também não vivem numa família dita tradicional. Não me parece que essa história da figura masculina e feminina tenha muito a ver com a felicidade.”
Os defensores da adopção consideram que é preferível uma criança ter dois pais ou duas mães, do que ser maltratada ou estar institucionalizada. Por seu lado, quem é contra entende que essas crianças poderão ficar sujeitas a situações de bullying e serem marginalizadas, considerando que o concepção de uma criança tem por base o sexo feminino e o masculino.
O JORNAL DE LEIRIA foi tentar perceber quais os impactos que esta medida pode ter para as crianças. “Mais importante que ter uma família com os dois géneros, feminino e masculino, é ter uma família equilibrada, com estabilidade emocional e psicológica, que dê afecto e amor para que essa criança seja um adulto de corpo inteiro”, garante Bilhota Xavier.
Este pediatra lembra que “há muitas histórias de famílias, com mãe e pai, cujos filhos são violentados, maltratados e sofrem abusos sexuais”. Para Bilhota Xavier, uma família tradicional “não é salvaguarda de protecção para a criança”.
O pediatra afirma ainda que nenhum estudo evidenciou que há diferença no equilíbrio emocional das crianças das diferentes famílias. “Não vejo nenhuma razão para que as crianças não possam ser adoptadas por dois pais ou duas mães.
O que importa é que seja uma família estável, onde haja afecto e carinho, sem negligência e sem abusos para que a criança cresça em harmonia e com amor”, destaca. Também Mário Cordeiro afirma que “o que importa à criança não é a vida ou a orientação sexual dos pais, mas sim ser objecto de amor e amar".
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