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Ágora volta a levar o tempo lento ao Castelo de Leiria. “A programação tentou sempre potenciar esse estado de contemplação”
Música, artes performativas, instalações e residências artísticas. Sábado e domingo fecham o cartaz de 2023
O último fim-de-semana do Ágora no Castelo de Leiria em 2023 oferece concertos de Panda Bear com Sonic Boom, A Garota Não, Mão Verde, Bruno Pernadas com Paulo Santo e Orquestra Sem Fronteiras, a par da ocupação das Cisternas pela artista Diana Policarpo.
É já neste fim-de-semana, 7 e 8 de Outubro, com entrada livre no sábado, por se comemorar o Dia Nacional dos Castelos.
O terceiro e derradeiro capítulo, na temporada de 2023, do ciclo a cargo da Omnichord, volta a desafiar o público para a experiência de um tempo lento, através da arte e do património.
“A programação tentou sempre potenciar esse estado de contemplação”, comenta Gui Garrido, responsável pela programação do Ágora.
“É bom que consigamos quebrar essa velocidade que o mundo nos está sempre a imprimir”, assinala.
Com a ideia de “reconhecimento do território” a captar energia na constatação de que “a arquitectura consegue mudar a vivência das pessoas”, o Castelo de Leiria acolheu, nos dois primeiros fins-de-semana da segunda edição do Ágora, e sob o mote “Acastelar o pensamento”, espectáculos de teatro para o público infanto-juvenil (Antiprincesas: Clarisse Lispector, de Cláudia Gaiolas; As Árvores Não Têm Pernas Para Andar, de Joana Gama; A Tristeza Já Me Deu Muitas Alegrias, de Mia Tomé e Noiserv) e concertos de Aldina Duarte, Pedro Mafama, Lula Pena, Fado Bicha, Adufeiras do Rancho Etnográfico de Idanha-a-Nova e Ana Deus com Marta Abreu.
“Programação na sua maioria bastante feminina”, realça Gui Garrido, com “muitos subtextos”, a “reequilibrar protagonismos”.
Um Ágora que emana da “vontade de fazer algo um pouco mais pausado” e que convida a “fruir”, “respirar” e “escutar com atenção”, “pensado para ser não muito invasivo no espaço do Castelo”, aponta o programador.
“Quando o mundo está demasiado veloz”, a cultura pode ser um “contrapeso” e o Ágora pretende “manter uma escala bastante humana” em que se possibilita “aceitar o vazio”.
Também no contexto do Ágora em 2023, a Igreja da Pena recebeu o resultado da residência artística de Ece Canli com o Coro Ninfas do Lis e neste sábado a mesma Igreja da Pena acolhe a apresentação da residência artística que junta Bruno Pernadas com Paulo Santo. Colaborações inéditas que se materializaram em Leiria.
Nas Cisternas, Filipe Baptista e Lua Carreira mostraram instalações que pesquisam fronteiras entre o corpo humano e as novas tecnologias e Diana Policarpo encerra com uma peça que explora a sobreposição entre som experimental, eletroacústica e ciência.
Propostas “bastantes transversais, bastante ecléticas”, salienta Gui Garrido, à semelhança do que sucede nas artes performativas e na música, com “viagens de geografias sonoras para públicos distintos”, numa corrente de pluralidade e diversidade.
Apesar das “complexidades” colocadas pelo Castelo de Leiria, no que respeita a acessos, as sessões do Ágora registaram sempre “bastante afluência”, segundo o programador, para quem o ciclo a cargo da Omnichord realizado em parceria com o Município de Leiria “conseguiu os objectivos” a que se propôs – entre eles, a reflexão, a fruição e o reencontro com o património material e imaterial assente na partilha entre gerações.