Sociedade
Ao fim de vários anos a culpar os incendiários, portugueses descobriram "culpa" do eucalipto e de quem o planta
Lei polémica criada pela ministra Assunção Cristas na mira de uma petição
Está a decorrer uma petição que exige a reflorestação da área ardida com espécies autóctones, mais resistentes ao fogo, mais seguras e capazes de reter água nos solos sem os destruir, como por exemplo o sobreiro, o carvalho, o castanheiro, as faias e os pinheiro bravo e mansos.
Os signatários solicitam a revogação do Decreto-Lei n.º 96/2013, de 15 de Julho, da autoria da ex-ministra da Agricultura Assunção Critas, que implementou o novo regime de arborização que liberaliza a plantação em monocultura de eucalipto, deixando de ser necessário pedido de autorização prévia às autoridades florestais em áreas até dois hectares.
"A revogação do DL não impede a florestação de eucaliptos, nem resolve todos problemas da nossa floresta, mas obriga a que as entidades competentes voltem à necessária tarefa de análise e aprovação da sua plantação."
O documento dá conta de que, desde a década de 1980, data em que se acelerou a introdução de eucalipto em Portugal, as áreas ardidas no País são superiores à média europeia, tornando-se no líder na Europa em número de incêndios, com cerca de 700 mil ocorrências, e de área de território ardido, com mais do equivalente a 40% de todo o território nacional (seguido pela Grécia, Itália e Espanha, todos com cerca de 12%).
O eucalipto é altamente inflamável e não deve ser plantado em extensas áreas de monocultura, como acontece de Norte a Sul de Portugal. As suas folhas segregam um óleo que, além de venenoso e de destruir as plantas no solo por baixo das suas copas, é altamente inflamável.
Além disso, as suas folhas, com um formato de hélice são capazes de produzir novos incêndios a distâncias superiores a cinco quilómetros, quando projectadas a arder nas correntes de ar quente que resultam dos incêndios. Para piorar, no chão, o restolho, na base dos seus troncos não é facilmente digerido pelas bactérias, o que provoca a desertificação do solo, ao privá-lo de nutrientes, e aumenta a carga térmica disponível para alimentar os incêndios florestais.
Cada vez mais especialistas alertam para os perigos que a "árvore-gasolina", como é chamada na sua Austrália natal, acarreta para Portugal, embora seja altamente lucrativa para a indústria do papel e das celoluses.
Para assinar a petição, clique aqui.