Sociedade
Aprovado projecto que resolve ferida no topo norte do estádio de Leiria
Confirmado investimento de 13 milhões de euros - que a oposição diz ser um aumento obsceno de custos - para atrair empresas tecnológicas, indústrias criativas e artistas
Com votos favoráveis do PS e abstenção do PSD, a Câmara de Leiria aprovou ontem, em reunião de vereadores, o projecto de execução para o Centro de Negócios de Leiria e Centro Associativo Municipal a instalar no topo norte do estádio municipal.
O projeto de execução tem uma estimativa de custos de 13 milhões de euros, a que acresce IVA. E vai concluir, finalmente, o equipamento construído para o campeonato da Europa de futebol em 2004. O valor previsto inicialmente era de 7,5 milhões de euros, o que motivou, em Abril, a oposição a dizer que se trata de um aumento obsceno de custos.
Ontem, o PSD manteve as críticas.
“Esta obra face aos metros quadrados de intervenção ficará mais cara proporcionalmente [do] que a construção do estádio municipal”, refere o comunicado do PSD, em que os sociais-democratas consideram que “nesta altura, existem outras prioridades para os leirienses, nomeadamente na consolidação da coesão social”.
Mais abaixo no texto pode ler os restantes argumentos da oposição.
O executivo liderado por Gonçalo Lopes quer atrair investimento na área das novas tecnologias, artes e indústrias criativas.
Será apresentada candidatura a fundos comunitários até ao final do ano.
A decisão votada ontem decorre de uma alteração ao projecto-base aprovada em Abril. No que diz respeito ao Centro de Negócios de Leiria, passa sobretudo pela instalação de um piso técnico essencial para permitir empresas de matriz tecnológica, explica uma nota da autarquia distribuída há momentos.
Está também em causa uma alteração na fachada interior do estádio, de forma a permitir a visualização do relvado e a criação de uma zona de lazer.
“O projecto de execução para o topo norte, em que foi necessário efectuar um reforço das medidas de segurança, contempla ainda um Centro de Artes que estará dotado de excelentes condições para a actividade cultural, com um piso destinado para a prática de dança, outro para a música e um terceiro para a prática de artes performativas e artes plásticas”, esclarece o Município.
Finanças na torre nascente
Quanto à torre nascente, segundo a Câmara “após um longo processo negocial com vista à alienação deste espaço à Autoridade Tributária, esta instituição acabou por recuar, passando a pretender o arrendamento do mesmo, mas numa área inferior à inicialmente pretendida”.
Com este investimento, o executivo pretende garantir a conclusão de todo o edifício do topo norte do estádio municipal de Leiria, para além da torre nascente a alienar às Finanças, numa área de intervenção de 26.573 metros quadrados.
O projecto de execução passa a ter uma estimativa de custos de 12.995.262,29 euros, mais IVA, que corresponde ao valor da estimativa do projecto base aprovado em Abril deste ano. Mas mais do que valor inicialmente previsto - 7,5 milhões de euros - aquando do anúncio do resultado do concurso de ideias.
“Com esta aprovação, estão reunidas as condições para apresentação de candidatura a fundos comunitários até ao final do ano. De referir ainda que este investimento, para além da captação de investimento, fixação de empresas e criação de postos de trabalho, irá gerar retorno financeiro para o Município pelo aluguer de espaços às empresas que ali se instalarem”, considera a Câmara de Leiria.
“Este é um grande investimento reprodutivo do Município de Leiria, um projecto mobilizador alinhado com uma estratégia que visa colocar Leiria entre os municípios melhor posicionados para a digitalização da economia”, conclui.
Oposição questiona opções
Já o PSD foca-se numa “Esta enorme derrapagem”, na ordem “dos 75% (aumento de cerca de 5,5 milhões face ao inicial)”, o que considera “um valor obsceno”.
“Uma coisa é uma ideia para 7.5 milhões outra coisa é para 13 milhões (o que nos coloca reservas quanto a uma possível contestação por parte desses concorrentes)”, refere o comunicado do PSD.
Os sociais-democratas prosseguem:
“Não foi finalizado um estudo económico de suporte a futuras utilizações, nem definida qualquer tipo de gestão/exploração (fundamentação utilizada para a suspensão do projecto do Pavilhão Multiusos). O valor de metro quadrado para esta intervenção no edificado já existente cifra-se nos 490 euros / metro quadrado (aumento de 60% face ao inicial), o que nos permite afirmar que esta obra face aos metros quadrados de intervenção ficará mais caro proporcionalmente que a construção do Estádio Municipal”.
Diz ainda o PSD que “não se sabem quantas e quais os tipos de empresas que irão ocupar este espaço, havendo a recusa do actual presidente em divulgá-las” e antecipa que “em fase de obra este valor (13 milhões de euros) dificilmente será cumprido face aos materiais e soluções arquitectónicas escolhidas e muito dificilmente este projecto não ficará abaixo dos 15 milhões de euros e com previsíveis custos de manutenção colossais”.
Os vereadores Fernando Costa, Álvaro Madureira e Ana Silveira escrevem também que “a totalidade deste projecto não está abrangido pelo actual quadro comunitário pelo que será maioritariamente suportado pelos cofres da câmara” e consideram que “nesta altura, existem outras prioridades para os Leirienses nomeadamente na consolidação da coesão social”.
“Em suma, consideramos que a maioria PS na Câmara de Leiria trata os projectos futuros do concelho com dois pesos e duas medidas com uma falta de coerência enorme dando por exemplo os motivos que justificaram a suspensão do projecto do Pavilhão Multiusos. Além disso, considerando que se trata de uma alteração substancial ao projecto inicial, nesta altura de pandemia demonstra falta de pudor, uma vez que este assunto merece a discussão pública com os Leirienses”, referem.
* Actualizado às 11:30 horas com a posição do PSD