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Economia

As fases de uma startup: do Pre-Seed ao IPO

27 nov 2020 12:58

As startups são empresas habitualmente disruptivas, pequenas e onde se cultiva um ambiente empreendedor

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Empreendedores preocupam-se em apostar as suas fichas em vários projectos ou diferentes sectores para proteger os seus investimentos
DR

Na maior parte dos casos, estas empresas surgem à boleia dos sonhos ou das ambições dos seus fundadores, que partem de um conceito ou de uma ideia até à materialização de um produto ou serviço.

Este processo inicia-se invariavelmente com poucos recursos à disposição, ou seja, uma equipa pequena, orçamentos baixos, horários de trabalhos extensos ou escritórios improvisados.

O investimento inicial pode ser feito pelos integrantes da startup ou recorrendo às conhecidas rondas de investimento, que vão acontecendo à medida que a actividade da empresa passa das ideias e desejos para a realidade.

Enquanto não existe capital para alimentar as diferentes necessidades das empresas, as startups costumam valer-se de métodos de trabalho ágeis para maximizar os seus recursos, como, por exemplo, o Scrum, o Kanban ou a metodologia Crystal.

Desta forma, é normal que os integrantes da equipa estejam envolvidos em acções que, por norma, não fariam parte do seu rol de funções.

Além da maximização de recursos, a diversificação de actividades é outro dos atributos muito ligados às startups.

Os empreendedores preocupam-se em apostar as suas fichas em vários projectos ou diferentes sectores para proteger os seus investimentos e equilibrar o risco.

Dessa forma, as empresas multiplicam as suas hipóteses de singrar num mercado, já que atingem diferentes públicos-alvo e adquirem conhecimentos em vários sectores de actividade.

Em termos de multinacionais, a Johnson & Johnson é um exemplo desta diversificação no sector do retalho, já que transaciona produtos de higiene pessoal, utensílios médicos e artigos desportivos através de várias marcas que pertencem à mesma empresa.

No sector da alimentação, a Unilever tem uma estratégia bastante parecida e destaca-se por possuir marcas líderes de produtos tão distintos como gelados, produtos de limpeza da casa, maionese, detergente da roupa, desodorizante ou hidratantes corporais.

Esta diversificação acontece também em sectores mais específicos que oferecem produtos do mesmo género, mas que diferem entre si.

Se acedermos, por exemplo, a plataformas especializadas em jogos de casino online, veremos que são oferecidos ali distintos jogos, como o poker, o blackjack, a banca francesa ou a roleta – diferentes entre si, mas parte de um mesmo ramo. 

Isto permite uma adequação dos casinos online aos apreciadores de todos estes jogos, o que minimiza o risco destas empresas e diversifica o portefólio.

Ainda que sejam consideradas as “bandas de garagem” do mundo empresarial, as startups requerem quase sempre um forte investimento inicial que sustente todas as despesas relativas a custos fixos (escritório, luz, softwares, etc.), recrutamento dos talentos certos, salários, desenvolvimento da tecnologia, validação de conceitos, estudos de mercado, registo de marcas ou patentes, etc.

Estas empresas tendem a apresentar conceitos inovadores e esse elemento de novidade torna difícil fazer uma avaliação exacta acerca da valorização correcta da empresa.

Em praticamente todos os casos, o investimento é feito no potencial demonstrado para crescer e escalar o negócio.

Para se ter um impacto real no mercado, é necessário ter capital para investir e aqui entram em cena os investidores que olham com interesse para a possibilidade de capitalizar os seus investimentos a curto prazo.

As rondas de investimento acontecem de acordo com o estado da empresa.

Normalmente, a primeira fase de investimento é a chamada seed funding stage e acontece numa altura em que o produto está pronto para ser desenvolvido.

Com efeito, o investimento garantido serve para realizar ajustes necessários ao produto, adequar a estrutura da empresa ao seu mercado e garantir uma equipa competente.

Os seed fundings são considerados de alto risco, devido à incerteza existente, o que acaba por obrigar as startups a abdicarem de percentagens dos 10% aos 50% das suas empresas.

Este investimento pode acontecer numa fase ainda mais precoce – pre-seed –, caso a startup possua apenas um protótipo do produto, um plano de negócios ou uma lista de clientes interessados.

Por norma, estes investimentos são inferiores a 50 mil dólares, devido ao alto risco envolvido.

Quando a empresa tem o produto desenvolvido e um fluxo constante de receita, inicia a série A de investimento.

Aqui, as verbas angariadas servirão para otimizar o modelo de negócio já existente ou para impulsionar o crescimento já demonstrado, por exemplo, através de orçamentos maiores em marketing ou possibilitando a internacionalização.

Este foi precisamente o caso de Hugo Venâncio e da leiriense Reatia, startup do ramo imobiliário que garantiu um milhão de euros para expandir a sua actividade a Espanha.

O intuito é o de acelerar o processo de crescimento, pelo que os investidores já não estão à procura de boas ideias, mas sim de boas métricas e crescimento demonstrado.

Quando isso acontece, a empresa está preparada para a série B de investimento, que se destina a startups que já demonstraram a sua capacidade para funcionar em larga escala e que pretendem expandir a equipa, contratando mais talento, ou aumentar a presença noutros mercados.

Obviamente, falamos já de investimentos de dezenas de milhões de euros.

A série C de investimento acontece numa fase de plena maturação da empresa.

A entrada deste capital destina-se a promover a expansão a outras geografias, penetrar noutros mercados, desenvolver novos produtos e adquirir outras empresas.

O risco acaba por ser bastante diminuto, pois a empresa já demonstrou capacidade para gerar rendimento. Por norma, esta é a última fase de investimento e funciona como preparação para a venda da empresa a grandes investidores ou a entrada no IPO (inicial public offering), que é a entrada na bolsa.

O IPO é o processo de oferecer acções corporativas ao público geral, fazendo com que a empresa transite da esfera privada para a esfera pública.

Além da aquisição de fundos, a empresa pode aceder a mercados públicos e vender as acções mais facilmente.

De igual modo, a fusão com outras empresas fica facilitada, já que ambas as empresas podem utilizar as suas acções públicas para esta acção.

Esta é a Meca de praticamente todos os empreendedores e funciona como a recompensa merecida por todo o esforço, tempo e sacrifício que uma startup de sucesso requer.

Chegados aqui, os fundadores costumam vender uma parte ou a totalidade das suas acções, procurando depois outras oportunidades de negócio em sectores que sejam do seu agrado.

Também há exemplos de empreendedores que se dedicam a investir ou a ajudar outras startups, recomeçando todo este ciclo de rondas e rondas de investimento.