Sociedade
Associação alerta para avanço da duna no Samouco, que duplicou desde o incêndio de 2017 no Pinhal de Leiria
Visita ao terreno expõe avanço da duna a um ritmo de 6,5 metros por ano
O avanço da duna litoral no Samouco, entre São Pedro de Moel e Praia da Vieira, que era de três metros por ano, em média, depois do incêndio de 2003, mais do que duplicou desde o incêndio de 2017 na Mata Nacional de Leiria, e ocorre, actualmente, a um ritmo de 6,5 metros por ano, avisa a associação Acréscimo, que hoje promoveu uma visita ao local.
Mais de três anos volvidos, “não há programa de monitorização da duna frontal, o que é preocupante”, alerta Paulo Pimenta de Castro, da Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal.
“É ali que se vai travar a grande batalha em relação ao avanço da duna e à subida dos oceanos”, explica.
No Samouco, talhão 145, está localizada, segundo a Acréscimo, “a área mais importante da Mata Nacional de Leiria para a protecção e conservação da biodiversidade”, classificada como biótipo Corine pela União Europeia.
É uma faixa que decorre de intervenção artificial de engenharia e silvicultura realizada no século XIX, planeada com o objectivo de proporcionar condições para o melhor desenvolvimento dos talhões de produção de pinheiro bravo no Pinhal de Leiria.
“Seria importante intervir prioritariamente nesta zona” e “utilizar o mesmo estratagema que foi utilizado no passado”, há cem anos, diz Paulo Pimenta de Castro, com soluções leves quanto ao impacto no terreno.
Segundo o dirigente da Acréscimo, “alguns pontos sensíveis do ponto de vista da erosão eólica”, sinalizados este sábado, facilitam o avanço da duna. Consequências? “Voltarmos a ter ali uma área de deserto, uma área dunar. O que obviamente vai fazer perigar a área de produção”, conclui.
Paulo Pimenta de Castro afirma que desde o incêndio de Outubro de 2017 a zona de protecção da Mata Nacional de Leiria “tem sido preterida”, quando “devia ser prioritária”.
No Samouco, a Acréscimo denuncia, também, a proliferação de pragas e doenças. Exemplares que “não arderam no incêndio de 2017 estão praticamente todos secos”, situação potenciada pela “demora na remoção de arvoredo ardido”.