Economia
Autarcas do Bombarral e Cadaval pedem estado de calamidade para pera rocha
A produção de pera rocha registou estragos na ordem dos 50%, realçaram moções lidas nas duas Assembleias Municipais
As Assembleias Municipais do Bombarral e Cadaval aprovaram ontem uma moção a pedir ao Ministério da Agricultura que declare estado de calamidade para a produção de pera rocha, afectada pelas temperaturas altas do início de Agosto, adianta a Agência Lusa.
Apresentada pelo PSD, a moção pede ao Ministério da Agricultura “que seja declarado o estado de calamidade para a produção de pera rocha”, bem como “medidas de carácter excepcional” para repor a produtividade agrícola e a inclusão do problema do escaldão nos riscos de cobertura dos seguros.
Os deputados municipais pretendem ainda que seja marcada uma reunião entre a ministra, municípios e Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) e que seja elaborado um plano de acção para tornar o sector mais resiliente face às alterações climáticas.
Segundo a moção lida em ambas as assembleias municipais, a produção de pera rocha regista estragos na ordem dos 50% na generalidade dos pomares de pera rocha, verificando-se por isso uma “situação de catástrofe”, tendo em conta os prejuízos causados ao sector.
O escaldão provocado pelas altas temperaturas registadas nos dias 7 e 8 de Agosto piorou a quebra de produção já antes estimada.
Para os autarcas, o escaldão, que não é coberto pelos seguros de colheita, constitui “a machadada final na sobrevivência dos produtores”.
Numa nota de imprensa divulgada este mês, o deputado do PS no parlamento João Nicolau, também coordenador do PS na Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, já tinha alertado para a “situação dramática que viu no terreno e a necessidade de se avaliar rigorosamente os estragos e de se definirem acções para acorrer a eventuais quebras de rendimento, mas também medidas para a sustentabilidade do sector da pera rocha a longo prazo”.
Na Assembleia Municipal do Bombarral de ontem, o presidente da câmara, Ricardo Fernandes, adiantou que já se reuniu no Ministério da Agricultura, que a ministra da tutela se deslocou na quarta-feira ao concelho e que “houve total abertura por parte do Governo para estudar e alavancar os riscos que não são cobertos pelos seguros”.
“Temos todas as garantias de que haja resultados”, enfatizou.
Segundo a Lusa, "a ANP estimou para este ano uma produção de 100 mil toneladas, metade do que num ano normal. Na campanha de 2022/2023, que agora termina, foram colhidas 123 mil toneladas de fruta e facturados cerca de 123 milhões de euros que, ainda assim, voltaram a resultar em prejuízo para o sector".
Refere ainda que "a ANP possui cinco mil produtores associados, com uma área de produção de 11 mil hectares. Produzida (99%) nos concelhos entre Mafra e Leiria, sendo os de maior produção os do Cadaval e Bombarral, a pera rocha do Oeste possui Denominação de Origem Protegida, um reconhecimento da qualidade do fruto português por parte da União Europeia".