Sociedade

Câmara de Leiria inicia diligências para esclarecer denúncia de lixo de Itália no aterro da Resilei

19 jun 2020 10:44

Moradores do Picheleiro queixam-se da chegada de camiões com contentores marítimos. Empresa garante que nunca vai colocar a população em risco

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Autarquia espera informação das entidades que tutelam o sector dos resíduos industriais
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Em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, o Município de Leiria anunciou esta manhã que iniciou diligências para esclarecer a queixa de moradores do Picheleiro sobre a chegada ao aterro da Resilei de camiões com contentores marítimos de lixo alegadamente proveniente de Itália.

"O Município de Leiria, enquanto parte interessada na preservação do ambiente e na salvaguarda da saúde pública, após ter tido conhecimento deste assunto, deu início a diligências no sentido de obter informações adicionais sobre o mesmo junto das entidades competentes", refere a autarquia. 

Realça, contudo, que "a competência para a fiscalização da actividade de gestão de resíduos dos aterros privados (caso da Resilei) incumbe à Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC)".

A importação de resíduos foi proibida pelo Ministério do Ambiente até final do ano de 2020.

Antes, também em resposta ao JORNAL DE LEIRIA, a Resilei - Tratamento de Resíduos Industriais, que gere o aterro na freguesia da Maceira, garantiu que cumpre "todos os requisitos legais inerentes ao desenvolvimento da sua actividade, não tendo, em nenhum momento, incumprido com os devidos licenciamentos ambientais". 

A empresa assegura ainda "que nunca colocará em risco os seus colaboradores ou populações próximas", o que diz poder ser comprovado "periodicamente através das auditorias ambientais efectuadas pelas entidades oficiais".

A reacção da Resilei tem como contexto uma denúncia à vereadora do Ambiente na Câmara Municipal de Leiria, conforme o JORNAL DE LEIRIA noticiou ontem, enviada por moradores do lugar do Picheleiro que referem que "nas últimas semanas têm chegado diariamente dezenas de contentores marítimos à Resilei", alegamente "parte de um total de 1200 contentores, com lixo proveniente de Itália".

De acordo com o texto, "a capacidade de carga de cada contentor é de 28.670 quilos", logo "aproximadamente 34.000 toneladas de lixo", no total, argumentam.

"É com enorme preocupação que eu e outros moradores constatamos a chegada destes contentores. Como é do vosso conhecimento já existe uma pressão enorme na bacia hidrográfica do ribeiro do Picheleiro causada pelo somatório dos impactos da Resilei, Valorlis, e aviários da Lusiaves. Existem recorrentemente derrames de lixiviados no emissário que passa paralelo ao ribeiro do picheleiro que são tão concentrados que matam toda a vegetação onde passam e se infiltram quer no solo quer na linha de água", lê-se na mensagem remetida ao Município. 

"Como é do vosso conhecimento a Resilei está preparada para a receção de resíduos não-perigosos. Achamos muito estranho que seja racional pagar o custo de um transporte marítimo, mais um transporte terrestre, mais o valor pago à Resilei para a admissão do mesmo. A nossa convicção é que não estejamos a falar de resíduos banais, mas sim de perigosos", apontam os habitantes do Picheleiro.

Lembram ainda que foi proibida pelo Ministério do Ambiente a entrada de resíduos em Portugal.

"Temos consciência que a Resilei é uma entidade privada mas entendemos que a Câmara Municipal de Leiria, enquanto órgão representante dos cidadãos deverá tomar as medidas que estiverem ao seu alcance para impedir este tipo de actos que prejudiquem o ambiente e consequentemente a qualidade de vida das populações", concluem.