Sociedade
Centro Hospitalar de Leiria pediu 71 médicos mas só recebeu 18
Das 503 vagas existente no concurso nacional, aberto na semana passada, apenas 18 são para o Centro Hospitalar de Leiria. No Oeste, foram pedidas 50, mas a tutela só autorizou 25.
Os centros hospitalares de Leiria e do Oeste foram autorizados a contratar 43 médicos no âmbito do concurso nacional aberto, na semana passada, pelo Governo para a integração de 503 especialistas em todo o País.
Aquele número fica, no entanto, aquém das necessidades das duas instituições, que precisariam de quase o triplo das vagas para colmatar a falta de profissionais.
Anestesiologia, oncologia, neurologia e otorrinolaringologia são algumas das áreas que continuam a precisar de mais médicos.
No caso do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) estão abertas 18 vagas para especialistas em anatomia patológica, anestesiologia, cardiologia, cirurgia geral,oftalmologia, ortopedia, oncologia médica, urologia e radiologia (uma vaga cada), ginecologia/ obstetrícia e pediatria, com dois lugares em aberto, e medicina interna, com três.
Em reacção ao concurso, o Conselho de Administração (CA) do CHL reconhece que “o número de vagas atribuído não é suficiente para ultrapassar as limitações de pessoal médico”, nomeadamente em algumas áreas de especialidade nas quais a instituição está “muito aquém das necessidades”, como anestesiologia, otorrinolaringologia, urologia, imagiologia, medicina interna, neurologia, oncologia, entre outras”.
Ao que JORNAL DE LEIRIA apurou, aquela instituição tinha identificado à tutela a necessidade de 71 especialistas, ou seja, um número muito superior ao que foi atribuído (18) e que poderá até nem ser totalmente preenchido, se acontecer o mesmo do que em concursos anteriores.
“Habitualmente ficam não preenchidas cerca de 50% das vagas. Vamos esperar que neste concurso possamos preencher o máximo possível de lugares no CHL”, refere a administração da instituição.
No Centro Hospital do Oeste (CHO) estão disponíveis 25 vagas para áreas como anestesiologia, cardiologia, doenças infecciosas, gastrenterologia, imuno-alergologia, imuno-hemoterapia, neurologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, patologia clínica, pediatria, psiquiatria da infância e da adolescência e radiologia, todas com uma vaga.
Para cirurgia geral, oncologia médica, psiquiatria e ginecologia/ obstetrícia há dois lugares em cada uma das especialidades, enquanto para medicina interna foram abertas quatro vagas.
O Conselho de Administração do CHO olha com “alguma satisfação” para o mapa de vagas, pelo facto de serem contempladas especialidades “particularmente carenciadas, como anestesiologia, oncologia médica, neurologia, cardiologia e otorrinolaringologia”.
No entanto, reconhece que os lugares atribuídos “não são suficientes”, lamentando a inexistência de vagas de ortopedia, dermatologia e pneumologia, situação que considera “muito gravosa”.
“O Centro Hospitalar do Oeste tem grande carência de recursos humanos médicos, tendo em conta a dimensão da população que serve”, afirma a administração da instituição, que havia solicitado à tutela 50 vagas. Número que “ainda não corresponderia às necessidades identificadas”.
“No entanto, há que considerar que a robustez a conferir ao mapa de pessoal deve ser adquirida faseadamente, para completa integração dos profissionais”, acrescenta o CA do CHO, instituição que, no último concurso, aberto em 2016, tinha 18 vagas, seis das quais ficaram por preencher.
O concurso para a integração de recém-especialistas hospitalares no Serviço Nacional de Saúde, que está a decorrer, contempla 503 vagas, ou seja, menos cerca de 200 lugares em relação aos 700 médicos que concluíram o internato no ano passado.
O Ministério da Saúde justifica esta diferença, de quase 30%, com o facto de muitos desses profissionais já terem sido contratados directamente pelos hospitais.
Explicação diferente têm os sindicatos, para os quais essa discrepância indica que muitos dos profissionais que aguardavam pela abertura do concurso já terão saído para o privado ou emigrado.
Por seu lado, Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, disse ao Diário de Notícias que essa diferença é sinal de que o sistema não consegue absorver todos os profissionais que forma.
Às 503 vagas abertas para especialistas hospitalares, onde se incluem 20 para a área da saúde pública, há a somar 110 para os centros de saúde, abertas também recentemente. Destas, seis serão para o Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral, que abrange os concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós.