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Concerto dos mil músicos em Leiria: câmara e promotor anunciam novidades e maior investimento

30 out 2024 15:42

Um dos objectivos passa por ocupar a cidade com um programa mais extenso nos dias anteriores ao evento

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Tiago Castelo Branco, Gonçalo Lopes e Carlos Palheira na apresentação desta quarta-feira
Jornal de Leiria

Um concerto mais espectacular e um programa mais rico fora do estádio. A empresa promotora e o munícipio anunciaram que vão reforçar o investimento no projecto Rockin'1000 – que regressa a Leiria em 2025 – para melhorar a experiência dos músicos e do público, mas, também, para alavancar o retorno económico e aprofundar o envolvimento da cidade.

Na conferência de imprensa realizada hoje no Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, onde a segunda edição do concerto dos mil músicos em Portugal vai acontecer a 6 de Setembro do próximo ano, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, anunciou a intenção de “transformar a cidade” no fim-de-semana do evento “e nos dias anteriores”, com actividades para “estender a animação musical às ruas”.

Para Gonçalo Lopes, a estreia do Rockin'1000 em Portugal, a 14 de Setembro deste ano, com mil músicos a tocar ao mesmo tempo no relvado, e os convidados Pedro Abrunhosa e Nic Cester, representa “um marco de viragem na utilização do estádio”, agora com “dimensão internacional” no acolhimento de concertos.

A parceria com a MOT – Memories Of Tomorrow, promotora do Rockin'1000 Portugal, alargou-se, entretanto, a outro espectáculo em Leiria, a 31 de Maio de 2025. “Em poucos dias esgotámos a hotelaria no próximo ano junto ao concerto de Andrea Bocelli”, disse esta quarta-feira o presidente do município, considerando que o evento protagonizado pelo cantor italiano está “garantido em termos de adesão” e “de sucesso”, porque “estão a vender-se bilhetes muito acima das expectativas” e “num prazo recorde”.

Segundo Tiago Castelo Branco, director da MOT, o investimento da empresa promotora é de 4 milhões de euros, nos concertos de Andrea Bocelli e do projecto Rockin'1000.

A conferência de imprensa arrancou com Gonçalo Lopes a considerar que o Rockin'1000 representa “a oportunidade” de ter em Leiria “um evento cultural distinto” e “inovador”, antes de o autarca fazer um “balanço extremamente positivo” da edição de 2024, “não só pelo impacto que gerou junto do público que assistiu mas também que participou”, mas, ainda, porque “veio transformar aquilo que era a utilização do estádio na vertente da sua polivalência”.

Foi o primeiro concerto internacional que tivemos com sucesso reconhecido e que teve impacto no país e no estangeiro”, afirmou, algo que, na perspectiva do presidente da câmara, se ambicionava “desde a inauguração do estádio”. Daí considerar que se trata de “um marco de viragem” que traz “dimensão internacional”.

As “condições ideais” do estádio e a “localização” de Leiria somam-se ao interesse dos espectadores. “Há público na nossa região que aprecia este tipo de espectáculos”, referiu, revelando que tem dados de que a seguir a Lisboa e Setúbal, é Leiria quem mais procura os eventos realizados em Lisboa no Meo Arena.

O regresso do concerto dos mil músicos em 2025 “resulta de avaliação conjunta entre o promotor e a câmara municipal de Leiria”, segundo Gonçalo Lopes.

“Temos condições, a primeira edição correu bem”, argumentou, e “o mentor do projecto ficou encantado” com “a cidade” e com “a recepção”.

“É para nós um orgulho poder repetir um evento que podia estar em qualquer outro ponto do país, noutro estádio ou podia estar no estrangeiro”, resumiu. “É um sinal” de “reconhecimento pelo sucesso alcançado”.

Em 2025, Leiria quer “acrescentar valor” e Gonçalo Lopes vê “muito potencial no período antes do concerto”, com base no “lastro que deixou” a primeira edição, em que reconhece “uma dinâmica única”, na qual “muita gente gostaria de ter participado e não conseguiu”.

O município pretende “melhorar o envolvimento do associativismo cultural e dos músicos da região no evento” e “aumentar a participação do voluntariado”, diz o autarca. O plano passa por “transformar a cidade naquele fim-de-semana e nos dias anteriores” e “estender a animação musical às ruas da cidade, não só com os artistas que vêm cá tocar e que vão estar cá esses dias antes, mas também fazer com que o comércio local esteja envolvido”. Nesse sentido, já decorrem conversações com a Acilis para o desenvolvimento de um projecto comum.

“O investimento vai ser reforçado com a programação que vamos fazer lateralmente”, explicou. “Vamos reforçar o investimento para o ano sobretudo na produção antes do evento para alavancarmos o retorno económico”.

“A cidade estava cheia”, apontou.

Além dos 16 mil espectadores, mil músicos de 23 países juntaram-se em Leiria, 287 de nacionalidade estrangeira, incluindo um músico que veio dos Estados Unidos e aproveitou para fazer surf em Peniche e outro que comprou uma bateria propositadamente para o concerto e depois a doou a uma escola de música local.

“Cada um tem uma história para contar e essa história fica na terra e na região”, realça Gonçalo Lopes, para quem a capacidade de organizar eventos é já uma “imagem de marca” de Leiria.

Quanto ao relvado, o objectivo é, em articulação com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional e a SAD da União de Leiria, encontrar soluções para “não prejudicar” o “calendário desportivo”, que passam, por exemplo, por “mecanismos” para uma recuperação “mais rápida” do terreno de jogo, que chegou a estar interditado depois do espectáculo de Setembro.

“Não havia dúvidas nenhumas de que o Rockin'1000, a voltar a Portugal, teria de voltar a Leiria”, garantiu Tiago Castelo Branco, director da MOT, esta quarta-feira. “Era o segredo mais mal guardado em Portugal”.

“A forma como fomos recebidos”, não sé pela câmara mas pela comunidade, e o modo “como a cidade se vestiu para receber não só os mil músicos mas também os milhares de pessoas que quiseram deslocar-se a Leiria para assistir ao espectáculo”, convenceram a organização, afirmou durante a conferência de imprensa.

Na noite de 14 de Setembro, depois da estreia do Rockin'1000 em Portugal, “já estava decidido”.

“Este evento suscitou muita curiosidade e muito interesse a outros municípios, fomos contactados”, assegura o promotor, para quem a manutenção da parceria com Leiria é também o reconhecimento pelo apoio da autarquia desde a primeira hora.

“Voltamos com muito gosto, tenho a certeza absoluta de que será um sucesso ainda maior do que foi este ano”, sublinhou.

Todas as bancadas serão disponibilizadas – na primeira edição, inicialmente, só foram abertas duas bancadas – e a partir de sexta-feira ficam à venda 22 mil bilhetes (mais do que no primeiro concerto, que atraiu 16 mil espectadores).

Tiago Castelo Branco espera, ao nível dos ingressos comercializados, desta vez com lugares marcados, “resultados ainda melhores”.

“Fico contente por saber que economicamente, quer este projecto quer o projecto de Andrea Bocelli já está a mexer com a economia local e já está, nomeadamente junto da hotelaria, a trazer resultados”, comentou, acrescentando que a MOT – que já se sente “em casa” em Leiria – investe perto de 4 milhões de euros em ambos os concertos.

“A base do sucesso do espectáculo deste ano foi precisamente o envolvimento com a comunidade e com as autoridades locais”, concluiu.

O fundador do projecto Rockin'1000, o italiano Fábio Zaffagnini, que participou por videoconferência na apresentação desta quarta-feira, confirmou a ideia: "A cidade de leiria recebeu-nos muito bem, foi maravilhoso”. E prometeu: “Estamos a preparar um espectáculo que será ainda mais espetacular e já começámos a trabalhar. Penso que será ainda mais especial e envolvente”.

Segundo Tiago Castelo Branco, haverá “artistas convidados diferentes” e um “alinhamento diferente”. Vai, também, existir “um bocadinho mais de investimento no próprio espectáculo para além da música”.

Tecnicamente eu acho que o espectáculo foi perfeito”, avaliou, e “é não mexer”. No entanto, “há coisas que queremos melhorar, nomeadamente, a parte cénica, a parte de luz, alguma pirotecnia, para engrandecer um bocadinho mais isto”, esclareceu.

Quanto a convidados, “todas as hipóteses estão em cima da mesa”.

Ainda não iniciámos conversações com nenhum convidado nacional, mas obviamente que estamos a considerar tudo e estamos atentos ao que se passa em Portugal, em Leiria, às bandas que voltaram outra vez à estrada”, contextualizou Tiago Castelo Branco.

As inscrições para os músicos abrem a 8 de Abril na plataforma www.rockin1000.com. O mais velho, em Setembro passado, tinha 76 anos de idade e veio do Brasil.

A parceria entre a MOT e a Câmara – que Tiago Castelo Branco considera uma “mais valia” – mantém-se nas mesmas condições e não há pagamentos ao promotor. O esforço do município “tem a ver com a cedência do estádio, limpeza, manutenção, segurança”, avança Gonçalo Lopes. “Tem algum impacto, mas não é relevante tendo em conta o orçamento global da câmara e o retorno que representa para a região em termos económicos e para a notoriedade que alcançamos com este evento em termos nacionais e internacionais”.

Os bilhetes para o Rockin'1000 Portugal de 2025, a partir de 45 euros, são colocados à venda esta sexta-feira, 1 de Novembro, pelas 10 horas, no site https://rockin1000portugal.pt. Em alternativa, podem ser aquiridos nos balcões Worten.