Sociedade
Crianças de Porto de Mós continuam sem internet (e sem aulas à distância) um ano depois
No primeiro confinamento, alunos de zonas como a de São Bento não tiveram ensino à distância
Pelo País inteiro, fala-se dos computadores que faltam para que os jovens possam ter acesso ao ensino à distância, mas, em boa parte do território nacional, há crianças a quem os portáteis de pouco servirão. Sem serviço de internet, continuam privados das aulas que o folclore mediático destaca todos os dias.
Desde o anterior confinamento, em Março de 2020, que dezenas de jovens de várias áreas do concelho de Porto de Mós não podem assistir às aulas.
Na verdade, nem sequer podem trocar simples SMS com os colegas de turma, por não haver cobertura de rede, nestas que são das zonas mais desfavorecidas do distrito.
A situação motivou, no ano lectivo passado, abaixo-assinados, cartas ao Presidente da República, à Anacom e aos operadores de telecomunicações, da população da freguesia de São Bento.
O resultado foram promessas da Meo/Altice, a única com infraestrutura instalada, de reforçar o sistema e um silêncio absoluto da Vodafone e da NOS. Mesmo sem acesso ao mundo por via digital e impossibilitados de estudar devido ao desinteresse das operadoras de telecomunicações em dotar a zona de cobertura de rede, tiveram ainda de ouvir uma ameaça bastante explícita da Meo/Altice.
Numa deslocação ao concelho para inaugurar novos equipamentos, o director de comunicação da Altice, André Figueiredo, acabou mesmo por referir que, “face à contestação” a empresa tinha considerado “desinvestir” em Porto de Mós, o que motivou um pedido público de esclarecimentos por parte de deputados da região, que não obteve resposta.
“Houve algumas melhorias na cobertura de telemóvel, mas, no geral, é insuficiente. A Meo tem instalado alguma fibra, mas apenas em empresas”, diz o presidente da Junta de São Bento, Tiago Rei.
Esta autarquia, assegura o responsável, está disponível para voltar a receber os alunos que queiram usar a internet que existe no edifício-sede, como aconteceu no ano passado.
“Sabemos que alguns alunos vão para casa de quem consegue ter cobertura e outros nem sequer estudam. Receberam computadores, mas nem sequer têm ligação para os usar”, resume.
Há situações ainda por acautelar
Questionado pelo vereador do PS sobre a concretização do protocolo celebrado no ano passado entre a Altice e o Município, o presidente da Câmara, Jorge Vala, disse, na última reunião do executivo, que em Outubro foi feito “um reforço de fibra óptica” na zona serrana e “há trabalhos em curso em Serro Ventoso”.
Mas “algumas situações ainda não estão acauteladas”, pelo que a Câmara está “a procurar soluções alternativas”.