Sociedade
"Culpa da destruição do Pinhal de Leiria é do ICNF"
"Pinhal só serve para virem buscar os rendimentos do Pinhal de Leiria para cobrirem despesas de outros assuntos que não têm nada a ver com a nossa região"
As chamas já consumiram desde ontem uma vasta área do Pinhal do Rei, como é conhecido no concelho da Marinha Grande, o Pinhal de Leiria.
O autor Gabriel Roldão, que este ano publicou o livro Elucidário do Pinhal do Rei, e que durante anos alertou para uma possível catástrofe, acusa o Estado de falta de limpeza e manutenção da mata nacional, o que, na sua opinião, potenciou os danos provocados pelos incêndios com início ontem (domingo, 15) à tarde.
Para Gabriel Roldão está em causa a destruição de "património histórico" com o valor de um "monumento nacional", que foi "até ontem" e que a população da Marinha Grande "sempre respeitou religiosamente". Celebra, aliás, por tradição, o Dia da Espiga (feriado municipal) com piqueniques entre as árvores.
Mas o Pinhal do Rei, com mais de 700 anos de história, desde os reinados de D. Sancho II e D. Dinis, foi "desconsiderado pelos governos mais recentes" e "há 14 anos que não é limpo convenientemente", acusa. Precisamente, desde o último grande fogo, em 2003.
"Quem tem a culpa é a cúpula do ICNF, comandada pelo ministro da Agricultura e das Florestas, que vêm aqui buscar os rendimentos do Pinhal de Leiria para cobrirem despesas de outros assuntos que não têm nada a ver com a nossa região", critica Gabriel Roldão.
De acordo com o investigador, as autoridades "não fazem protecção contra incêndios" no Pinhal do Rei e "não há vigilância porque desmontaram a organização dos guardas florestais, que era extraordinária" na segurança dos 11 mil hectares que constituem esta mata nacional que ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande.