Sociedade

D. José Ornelas investigado por suspeitas de encobrir alegados abusos sexuais

1 out 2022 11:49

A notícia é avançada pelo jornal Público que dá conta que o bispo de Leiria-Fátima está a ser investigado por suspeitas de “comparticipação em encobrimento” de alegados abusos ocorridos há mais de dez anos, quando José Ornelas liderava congregação religiosa.

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Ao Público, o bispo disse não sentir que "tenha existido negligência" da sua parte
Ricardo Graça

O Ministério Público está a investigar o bispo de Leiria Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa por alegada “comparticipação em encobrimento” de casos de abusos sexuais que terão ocorrido há mais de dez anos num orfanato dirigido por um padre dehoniano em Moçambique.

A notícia é avançada pelo jornal Público que, na edição deste sábado, revela que a investigação foi aberta após uma denúncia que chegou à Procuradoria-Geral da República através de Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações àquele diário, D. José Ornelas, que estará a preparar um comunicado sobre o assunto, diz que cumpriu “com toda a sinceridade com os procedimentos adequados”

Segundo o Público, terá ocorrido em 2011, quando José Ornelas liderava a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Nessa altura, um professor português ouviu de um aluno que frequentava o Centro Polivalente Leão Dehon o relato de alegados abusos cometidos sobre crianças no orfanato dirigido pelo padre Luciano Cominotti.

Esperando que José Ornelas, alto representante dos dehonianos junto do Vaticano e líder mundial desta congregação, agisse, o professor comunicou-lhe do caso. “O resultado foram duas cartas a agradecer os alertas, dizendo que o padre Cominotti não estava sob sua autoridade, mas da diocese, e que contra o padre Ilario Verri (director da escola) não existiam quaisquer indícios”, escreve o Público.

Já este ano, o mesmo docente enviou uma denúncia, agora visando José Ornelas por inacção. Segundo aquele jornal, a queixa foi enviada directamente a Marcelo Rebelo de Sousa, que a remeteu à Procuradoria-Geral da República.

Numa resposta por escrito ao Público, o bispo disse não ter conhecimento formal da denúncia agora apresentada. “Não sinto que tenha existido negligência da minha parte”, acrescentou, assegurando que cumpriu “com toda a sinceridade com os procedimentos adequados”.

D. José Ornelas alega que, quando recebeu as denúncias dos alegados abusos, decidiu abrir “um inquérito interno” do qual não existe registo por ter sido um inquérito informal. A investigação consistiu em indagar “professores e alunos para apurar da possibilidade de existência de qualquer abuso”, refere

"Se tivesse surgido qualquer dúvida, uma que fosse, da possibilidade de abusos, não teria dúvidas de que teria dado instruções para que tal fosse participado às autoridades competentes”, afirmou ao Público.

Na denúncia que chegou ao DIAP, citada por aquele jornal, lê-se que o actual presidente da Conferência Episcopal Portuguesa “omitiu das autoridades o abuso de vários menores enquanto presidente da Ordem dos Dehonianos”; e ainda que o bispo português, que, entre 2003 e 2015, foi o chefe da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), “protegeu abusadores de menores em duas ocasiões distintas”.