Desporto

Do lançador Pedro Portela e da andebolista Auriol Dongmo já alguém ouviu falar?

21 jul 2021 16:13

Se há pessoas da comitiva portuguesa que precisam de ter ombros, braços, cotovelos, mãos e dedos fortes são Auriol Dongmo e Pedro Portela. E se trocassem de papéis, como correria?

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Pedro Portela inovou na técnica de lançamento do peso
Ricardo Graça

Já tinham ouvido falar um do outro, mas não se conheciam pessoalmente. É normal. Quando, em 2017, Auriol Dongmo passou a morar em Leiria, já há muito que Pedro Portela se tinha mudado para Lisboa e, mais tarde, para Paris.

Ela é campeão europeia do lançamento do peso em pista coberta, ele um elemento fundamental da selecção nacional de andebol que fez história no Europeu e no Mundial. No fundo, dois dos mais conceituados atletas nacionais, desportistas ambiciosos que querem levar o nome de Portugal bem longe.

A maior competição desportiva do planeta vai testá-los a fundo e nós decidimos fazer o mesmo. Desafiámo-los a trocarem de modalidade, bem diferentes, mas com algo em comum, num exclusivo para os leitores do JORNAL DE LEIRIA. Eles acederam e à hora combinada estava tudo pronto no Centro Nacional de Lançamentos.

Depois das apresentações, seguiu-se o desafio. “Queres lançar com o peso de quatro quilos? É que nem pensar! Homem lança com peso de sete quilos”, adverte a quarta melhor mundial do ano na especialidade. Pedro Portela lá a convence que será melhor assim.

Pega no engenho feminino e fica surpreendido com o peso do peso. “Qual é o teu recorde? Dezanove metros e 75 centímetros? Uau.” Vamo-nos afastando do círculo para ter a perfeita noção daquela marca de excepção e ela vai dizendo “mais, mais, mais”, até ficar mesmo muito longe.

Auriol começa por dar as primeiras dicas, sempre em português escorreito. “Tens de encaixar o peso no pescoço. Depois, tens me meter o pé do braço do lançamento à frente e dar um salto para trás.” Ela exemplifica com a maior das fluências. Desliza e lança. Ele vai olhando.

Auriol Dongmo tinha um trunfo na manga. O andebol não tem segredos para ela (Fotografia: Ricardo Graça)

 

Como Pedro é canhoto, tem de fazer o movimento em espelho, de pé esquerdo à frente. “Cá vai disto.” Tentou uma, tentou duas, tentou três vezes. Se a rapariga usa a técnica rectilínea, há também quem use a rotação e ele ficou algures a meio caminho entre uma coisa e outra. “Não podes passar a antepara. É nulo”, diz ela.

“Só passei para ir buscar o peso”, desculpou-se ele. A marca até não foi má. Uns bons dez metros, metade do que ela lança, mas a treinadora parecia impressionada. “Tem jeito. Foi bom! Isto com treino ia lá.”

Medalha

Pegamos no carro e vamos até ao pavilhão da Juve Lis para os atletas trocarem de papéis. Aproveitamos a viagem para conversas sérias. Auriol Dongmo está em Portugal há quatro anos. Rumou a Leiria, cidade que adora, pouco tempo depois de ter sido finalista olímpica, ainda com as cores dos Camarões, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

“Os primeiros anos foram complicados. Tive algumas dificuldades de adaptação à língua e não foi fácil ser mãe estando cá sozinh

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