Sociedade
Dor e revolta: população culpa Estado pela perda de 80% do Pinhal de Leiria
Azar ou incúria? Cidadãos queixam-se à PGR, investigador culpa ICNF e empresários exigem medidas.
Há os que falam depois dos acontecimentos e há os que falam antes. Depois é fácil, antes é mais difícil. Gabriel Roldão está no segundo grupo. Em Agosto, com o País a arder, antecipou, em jeito de alerta, o terror do último domingo e segunda-feira. Entrevistado pela agência Lusa, disse preto no branco: "o Pinhal de Leiria está sujeito a que aconteça um cataclismo enorme por falta de limpeza e de tratamento". Dois meses depois, a previsão confirma-se: 80% ardeu, de acordo com a estimativa do Município da Marinha Grande. Em menos de 48 horas.
Catástrofe à espera de acontecer? O autor do livro Elucidário do Pinhal do Rei acredita que sim. Acusa o Estado de incúria, aponta responsáveis: a cúpula do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Gabriel Roldão sabe do que fala e tem autoridade para falar, porque há anos denuncia o desinvestimento nas acções de manutenção e vigilância. E há mais tempo ainda estuda a história da Mata Nacional de Leiria. Não está sozinho: a direcção da Associação Empresarial da Região de Leiria (NERLEI) emitiu anteontem um comunicado em que aponta o dedo ao Estado, a quem culpa por não cuidar do património de que é proprietário. Entretanto, também um grupo de cidadãos da Marinha Grande fez seguir para a Procuradoria Geral da República uma queixa, por considerar que "há outros responsáveis", além dos eventuais responsáveis directos pelo início do incêndio. Os que tinham por missão "criar as condições mínimas para que ali não estivesse um barril de pólvora”. E que "não o fizeram".
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