Sociedade

Festejos da Senhora da Boa Morte atraem milhares de visitantes ao Louriçal

12 ago 2022 09:00

Animação | Durante quatro dias, na vila do concelho de Pombal, celebra-se o religioso e o secular com música, actividades e uma procissão histórica

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Imagem da Senhora da Boa Morte espera o ano inteiro em clausura antes de sair para a procissão
Jacinto Silva Duro

Durante quatro dias, as tradicionais Festas de Nossa Senhora da Boa Morte, do Louriçal, são um dos momentos mais importantes de celebração da freguesia.

Milhares de visitantes afluem à vila, para a celebração da devoção à santa e do aspecto mais sagrado da festividade, mas também, atraídos pela alegria, animação e reencontro motivados pela vertente mais profana, sempre associado a momentos desta natureza.

A festa acontece num momento mágico e estratégico a meados do mês de Agosto, quando o pico dos emigrantes já regressou, ávidos de matar saudades e visitar os familiares e amigos.

Nos anos 60, garante o presidente da Junta de Freguesia do Louriçal, José Manuel Marques, as celebrações de Nossa Senhora da Boa Morte eram as “melhores da região”.

“Chamavam-lhes as 'festas do Seco', porque eram organizadas pelo doutor Seco e vinham artistas nacionais, como Tonicha ou a Amália”, conta. É certo que a festa da paróquia é dedicada ao padroeiro da vila, São Tiago, porém, a celebração com maior peso é a centenária festa do convento das freiras Clarissas, em honra de Nossa Senhora da Boa Morte.

“Segundo reza a história, durante as Invasões Francesas, quando o convento foi invadido pelas tropas de Napoleão Bonaparte, tentaram levar a imagem num carro puxado por uma parelha de bois. No entanto, quando chegaram à ponte do rio Frio, junto a uma árvore centenária, os animais estacaram o passo e recusaram-se a transpor o curso de água. Tiveram de abandonar a imagem que ficou intacta.”

Explica o autarca que, desde então, se celebra o sucedido.

O momento mais importante e recheado de significado religioso, acontece sempre em data fixa, na noite de 14 para 15 de Agosto, com a procissão de velas que percorre a vila acompanhada por duas filarmónicas e por dezenas de milhares de pessoas.

Após a festa dedicada ao espírito e à devoção, acontece aquilo que José Manuel Marques diz ser uma espécie de “devolução das festas ao povo”. Para agilizar a realização dos festejos, há alguns anos, a junta liderada pelo actual presidente, criou a Associação Critérios e Tradições que organiza a festa, em parceria com a freguesia.

Música, gastronomia, cultura, tudo conspira para, com a ajuda de cidadãos anónimos, do comércio e das empresas, se oferecerem as melhores festas a milhares de pessoas.

“As despesas são pagas pela Critérios e Tradições, que não tem fins lucrativos, mas as receitas também são para esta associação, para financiar a edição do ano seguinte.”

Este ano, segundo as contas da autarquia local, houve mais de 100 patrocinadores, que contribuíram dentro das suas possibilidades. “É uma oportunidade de dar a conhecer o património histórico, turístico, paisagístico e religioso da nossa freguesia, sem esquecer a gastronomia, o folclore e as actividades económicas”, sublinha.

Em ano de regresso após a pandemia, o momento reveste-se ainda de maior simbolismo. “As famílias vão encontrar-se aqui, confraternizar, viver momentos de fé que os marcarão emocionalmente para o resto do ano e lhes darão força para continuarem.”

Quando, ao ritmo das filarmónicas, o andor com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, levado pela quarta secção do Louriçal, dos Bombeiros Voluntários de Pombal, em pagamento da protecção divina prestada em momentos difíceis, se imobilizar em frente à fachada do convento, os corações e as emoções falarão alto e, para muitos, será impossível conter uma lágrima, perante tal solenidade.

Após este momento, a música e animação esperam pelos visitantes no lado sul da vila.

Foi criado um corredor que permite circular e comungar de toda a oferta, seja artística, seja gastronómica, seja cultural, seja religiosa. “Não partimos a festa.

Do palco onde se realiza o festival de folclore, à praça Joaquim Silva Cardoso, onde há espectáculos com os grupos locais, passa-se pela avenida Ernesto Tavares, com actividades económicas, e chega-se à rotunda do Biscoito do Louriçal, onde se faz a ligação à área maior de festejos, com comes e bebes e muito comércio local."

"Já passaram por aqui, praticamente todos os artistas de renome nacional e teremos de começar a dar-lhes outra volta”, brinca o autarca. Este ano, os “festejos profanos” serão animados pela Farra Minhota, Bárbara Tinoco e por Amor Electro e Toy.