Viver
Gonçalo Lopes: “Uma agenda cultural capaz atrai muitas pessoas para visitar, mas também para viver. Há alguma evidência? Não tenho. Mas sei o que é que as pessoas nos dizem sobre a nossa cidade”
Um congresso de teatro com grupos locais e um novo festival com todas as filarmónicas do concelho marcam a agenda cultural de Leiria no primeiro semestre de 2025
“Uma agenda cultural capaz, dinâmica, atractiva e inovadora atrai muitas pessoas para visitar, mas também para viver”, acredita Gonçalo Lopes. “Há alguma evidência, há algo que consiga comprovar isso? Não tenho. Mas sei o que é que as pessoas nos dizem sobre a nossa cidade”.
O presidente do município falava no lançamento da agenda cultural para o primeiro semestre de 2025, realizada ontem, na Villa Portela, e disse também que “todo o investimento que a câmara faz em cultura tem um efeito multiplicador extraordinário na economia” e que “a cultura representa (...) um sector económico cada vez mais relevante” no concelho.
“Não se constrói habitação nova em Leiria se não existisse uma qualidade de vida inerente e uma cultura capaz de acolher muitas pessoas que vêm para cá viver”, afirmou.
A estreia de uma visita dramatizada no castelo de Leiria pelo colectivo O Nariz, um congresso de teatro com grupos locais e a primeira edição de um festival que vai juntar todas as filarmónicas do concelho marcam a agenda cultural de Leiria entre Janeiro e Junho deste ano, período em que se destaca, por outro lado, a Festa do Povo, em Abril, com concerto de Sérgio Godinho, um ciclo de conversas e homenagens com moderação de Luís Osório em que o primeiro convidado é o cientista Galopim de Carvalho, já a 18 de Janeiro, no Teatro Miguel Franco, e a primeira vez em que o Leiria Film Fest e o festival de literatura Versátil decorrem nas mesmas datas, o que vai acontecer em Maio.
Segundo Gonçalo Lopes, “os eventos culturais e desportivos têm assumido no que é a estratégia do município de Leiria nos últimos 10 anos um papel decisivo” para o “desenvolvimento”.
“A identidade” e “o reforço e coesão” que o executivo quer “construir com a comunidade”, segundo Gonçalo Lopes, passam “muito por aquilo que a cultura consegue trabalhar em termos não só dos eventos mas dos diversos espaços culturais”.
Além do “esforço e dedicação” das equipas da autarquia, o presidente salienta “o trabalho em rede e colaboração com o associativismo”.
“Quando falamos em construir uma identidade de Leiria, ela só é possível quando os projectos têm este espírito colaborativo que tem sido alimentado ao longo dos anos com o esforço das nossas associações mas também de profissionais da cultura que têm crescido na última década com as suas actividades económicas”, assinala.
“A cultura representa para nós um sector económico cada vez mais relevante”, realça Gonçalo Lopes, para quem “hoje existe um sistema cultural mais dinâmico que acompanhou o crescimento económico e demográfico de Leiria nos últimos anos”.
“Há necessidade de manter esta máquina em funcionamento e desafiá-la sempre a inovar”, considera.
Pela frente avistam-se “desafios tecnológicos”, “novos públicos” e uma “nova geração a captar” para a “agenda cultural”, o que justifica “aposta nas tecnologias” e na “inteligência artificial”.
A agenda do primeiro semestre de 2025 lançada ontem numa edição em papel inclui ilustrações geradas através de ferramentas de inteligência artificial, que também foram usadas para criar o vídeo de divulgação.
“Os nossos eventos vão ser cada vez mais digitais, seja na compra de bilhetes, seja no feedback que obtemos dos nossos eventos”, antecipa o presidente do município.
A dinâmica da agenda cultural em Leiria, na perspectiva de Gonçalo Lopes, “é algo muito peculiar, quase único, no contexto nacional”, e “fonte de rendimento” para as associações.
“Todo o investimento que a câmara faz em cultura tem um efeito multiplicador extraordinário na economia e em especial no sector cultural associativo”, porque “viabiliza bilheteiras, viabiliza cachês, viabiliza salários”, realçou, durante a apresentação na Villa Portela.
“Muita receita que é arrecadada pela economia local, pelos agentes culturais”, sublinha, “é uma maneira indirecta de apoiar o associativismo”.
A visão do executivo para a cultura contribui, por outro lado, para “o conceito de qualidade de vida” que pretende para a cidade.
“Ao programarmos na rua, ao programarmos e divulgarmos a nossa agenda cultural, nós estamos a afirmar uma marca que é cada vez mais valiosa e que tem impacto na outra economia e que é difícil de quantificar, mas não se constrói habitação nova em Leiria se não existisse uma qualidade de vida inerente e uma cultura capaz de acolher muitas pessoas que vêm para cá viver”, assegura.
“Na minha leitura, a cultura tem um papel decisivo. Não só na afirmação do destino, de um local para viver, mas depois é factor decisivo para conseguir captar pessoas e fixá-las”.
Gonçalo Lopes lembrou ainda a actividade das escolas de artes, salas de espectáculos, companhias de teatro e livrarias, entre outros agentes.
“Este ecossistema que existe e que devemos valorizar e promover é de facto uma marca que se construiu na última década e que é muito valiosa para o nosso futuro como comunidade porque vai valorizar aquilo que é a nossa estratégia de captação e fixação de pessoas”, conclui.
A vereadora com o pelouro da Cultura aponta, por outro lado, a natureza “muito diversificada” e alinhada com a estratégia até 2030 da agenda cultural para os primeiros seis meses do ano.
“Acreditamos que a cultura é uma festa e que a festa é cultura”, resume Anabela Graça.
A edição em papel inclui uma selecção de 10 eventos por mês e ligação através de qr code ao site Leiriagenda, em que são divulgados mais eventos (no ano de 2024, um total de 923 eventos e 477 mil visualizações).
Em Janeiro, nota para a Festa do Poeta, o arranque do Ciclo de Música Medieval de Leiria 2025 e o início do programa dos 700 anos da morte de D. Dinis, além do lançamento de um livro de Adélio Amaro sobre a história do Teatro José Lúcio da Silva, a 18 de Janeiro, dia em que será inaugurada uma exposição.
Em Fevereiro, realiza-se o festival Leiria Cidade Criativa da Música, um ciclo de cinema neorrealista comentado no contexto da exposição Artistas na Fábrica e um concerto de Marisa Liz.
Março traz os festivais Música em Leiria e Sinopse, o bicentenário de Camilo Castelo Branco, os 30 anos do Festival de Teatro Juvenil e um espectáculo da companhia Seiva Trupe.
Em Abril, a Banda Sinfónica de Leiria dá um concerto com a cantora Carla Maffioletti e a Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira celebra 70 anos.
Maio é mês da Feira de Leiria, do ciclo de concertos de guitarra organizado pelo Orfeão de Leiria e do festival Clap Your Hands.
Já em Junho, acontece o Leiria Kids, a Gala dos Pequenos Cantores, o festival Beira Rio do Orfeão de Leiria, a décima edição do festival A Porta e um dos eventos mais esperados de 2025, o regresso dos Silence 4 ao vivo, no Teatro José Lúcio da Silva.