Saúde
Hospital de Leiria esteve com serviços mínimos de enfermagem durante a manhã
Greve de enfermeiros teve uma adesão de cerca de 70%
Os enfermeiros do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) cumpriram hoje uma manhã de greve parcial, que teve uma adesão de cerca de 70%, segundo Ivo Gomes, coordenador da direcção regional de Leiria do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Os profissionais de saúde fizeram greve entre as 8 e as 13 horas, com um grupo deles a concentrar-se à porta do Hospital de Santo André, em Leiria.
O protesto foi convocado após uma reunião com o conselho de administração do CHL, que terminou sem acordo das partes para as reivindicações que os enfermeiros têm vindo a fazer, pelo menos, nos últimos cinco anos.
“Ao fim de três ofícios conseguimos reunir com a administração, no dia 24 de Março, e em plenário foi decretada esta greve. O pessoal de enfermagem aderiu muito bem à greve, tendo estado a maioria dos serviços a funcionário com os mínimos”, disse Ivo Gomes, ao referir que o diálogo com o conselho de administração não tem sido fácil.
Hospital não resolve porque não quer
“Quando conseguimos reunir e apresentamos documentos de outras instituições que resolvem estes problemas, esta administração envia para a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde], quando tem dúvidas, e apesar da sua autonomia gestionária não resolve nem valoriza os colegas”, lamentou.
Em causa estão questões relacionadas com a remuneração das horas extraordinárias, os suplementos, o descanso compensatório e a contabilização de pontos de avaliação de desempenho, que “esta administração não os assume”.
“Apresenta uma inércia em relação aos anos de contabilização dos enfermeiros e ficam quatro, cinco e seis anos por contar. Os colegas com vínculo dito precário ficam sem essa contabilização de pontos, o que quer dizer que não progridem e que há uma desvalorização da carreira de enfermagem”, realçou.
O ‘braço de ferro’ “não se resolve porque o CHL não quer”, assumiu o dirigente sindical, que também aponta o dedo ao Ministério da Saúde. "Há um cinzento e quem paga são os colegas e mais à frente a qualidade, a quantidade e a segurança dos cuidados de saúde, que também estão em causa. O nosso Serviço Nacional de Saúde tem de ser defendido com unhas e dentes, porque não há investimento nenhum”, constatou.
No dia Internacional do Enfermeiro, que se assinala no próximo dia 12 de Maio, o SEP tem já agendada uma greve nacional, com um protesto em frente ao Ministério da Saúde.
Até ao momento não foi possível obter uma resposta do CHL.
Faltam enfermeiros
Ivo Gomes alertou para a contínua falta de enfermeiros, o que é "facilmente comprovável, quando no horário dos enfermeiros há horas e turnos extra programados".
"Por outro lado, sabemos que a administração exige contratação ao Governo, mas é preciso exigir mais e efectivar os colegas que estão precários para não acontecer o que está a acontecer: em quatro, cinco ou seis anos, esses anos não são contabilizados para a valorização e progressão da carreira", apontou.