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Inéditos de Adolfo Luxúria Canibal e A Garota Não no regresso da Acanto
Com mais de 30 autores e artistas representados, a oitava Acanto inclui também poetas internacionais
Mais de um ano depois do último número, a Acanto está de volta, com lançamento agendado para 7 de Junho, no festival Versátil.
O vocalista dos Mão Morta, Adolfo Luxúria Canibal, a compositora Cátia M. H. Oliveira (A Garota Não) e a cantora e performer Ana Deus (Três Tristes Tigres) são nomes da música que se associam, através das letras, à revista de poesia editada em Leiria.
Outros destaques, com tradução de Maria Celeste Alves, os poemas do norte-americano Jeffrey Harrison, nunca antes publicado ou traduzido em Portugal e em português, um deles acompanhado por uma imagem da autoria do fotógrafo Garry Winogrand (1928-1984), e, pela segunda vez, do prémio Pulitzer de poesia Vijay Seshadri.
“Todos os poemas, procuramos que sejam inéditos. Quando são traduções de outro idioma, não fazemos essa exigência, mas procuramos que sejam”, explica Paulo José Costa, coordenador do núcleo editorial da Acanto, que surgiu em 2021, com o apoio do município de Leiria.
A ligação a autores internacionais é valorizada, também, por conferir “visibilidade a um trabalho que é feito localmente”, inspirado nos serões literários das Cortes, “como tentativa de expandir uma matriz poética que vai além fronteiras e é acolhida”.
“São autores que passam a palavra uns aos outros, nós contactamos e eles de imediato acedem, o que nos deixa satisfeitos”, comenta Paulo José Costa.
O diálogo com outros países – sublinha ao JORNAL DE LEIRIA – expressa, por outro lado, uma validação do projecto, que reúne nomes consagrados com outros em início de carreira.
“No actual panorama em que a poesia e a leitura de poetas se calhar tende a ser cada vez mais uma coisa para nichos, estes notáveis acabam por ver solidez na Acanto”, diz o coordenador editorial e poeta, numa avaliação em que engloba os convidados nacionais.
“Tentamos desbravar um caminho que actualmente parece em Portugal não ser muito comum”, conclui.
No número oito da Acanto encontram-se poetas de Leiria como Mariana Costa, Emanuel Jacinto, Pedro Rapoula e Catarina Sacramento e outros poetas portugueses como Regina Guimarães, Rosa Alice Branco, Tomás Gorjão e Luís Vieira da Mota.
De Espanha, estão representados os poetas Alfredo Pérez-Alencart, Jenaro Talens e Miguel Ángel Curriel, do Brasil, Flávia Rocha, e, de Angola, Zetho Cunha Gonçalves.
A edição inclui uma recensão do livro A Perseguição dos Dias, de José Luís Tinoco, por Luís Filipe Castro Mendes.
Além da participação de Romeu Foz, sobressaem, ainda, um artigo de Carlos Fernandes sobre Américo Cortez Pinto e um ensaio de Luís Palma Gomes.
Nas recensões e ensaios, surgem Isabel Ponce de Leão, Maria Bochicchio e Paulo José Costa.
A publicação, com design gráfico de Paulo Fuentez, recorre a ilustrações de Zé Oliveira, PAM, Rita Cortez Pinto e Alex Gaspar e tem fotografias de Augusto Aveleira, Catarina Sacramento, Garry Winogrand e Paulo Fuentez.
Com 112 páginas, o número oito estará à venda no festival Versátil, em Leiria, no dia do lançamento, e, depois, nas livrarias da cidade e directamente no site da Acanto.
Para manter “a qualidade desejável”, segundo Paulo José Costa, a Acanto passa a adoptar uma periodicidade anual.