Sociedade
Invasão de acácias põe em risco futuro do Pinhal de Leiria
Um ano após o incêndio que dizimou 86% do Pinhal de Leiria, as espécies infestantes estão a invadir a mata. Os especialistas avisam: ou se actua rapidamente ou há o risco de, em vez de pinhal, virmos a ter um 'acacial'.
A proliferação de espécies invasoras, sobretudo de acácias, pode comprometer a regeneração do Pinhal de Leiria. O alerta é feito por vários especialistas ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA, que avisam: se não se agir “rapidamente”, há o risco de, em vez de pinhal, virmos a ter um 'acacial'.
Defendem, por isso, mais do que proceder a novas plantações, é urgente promover acções de remoção de acácias, eventualmente com recurso a voluntários, com coordenação do Instituto de Conversação de Natureza e das Florestas (ICNF).
Investigador do Centro de Ecologia Aplicada do Instituto Superior de Agronomia, Joaquim Sande Silva reconhece que a resolução do problema “não é fácil”, “nem barata”, referindo, a título indicativo, dados de um estudo que apontam para um custo de “cerca de cinco mil euros por hectare para arrancar eucalipto”.
O especialista frisa que as invasoras, nomeadamente as acácias, são espécies “muito agressivas, com grande capacidade de colonização e de resistências”, o que obriga a “uma acção forte de controlo”. Um trabalho que, defende, já devia ter começado, sob pena de, no futuro, ser ainda mais oneroso e muito mais difícil”.
“Ou agimos rapidamente ou podemos chegar a uma situação sem retorno”, avisa Elizabete Marchante, bióloga e investigadora do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, com trabalho na área do combate às invasoras.
A especialista avisa que “não se pode esperar mais um ano” e que é preciso actuar “já”, com o corte e arranque de acácias, a invasora mais comum na Mata Nacional de Leiria, nomeadamente a acácia-de-espiga (Acacia longifolia).
Existem também já eucaliptos a germinar, não só no Pinhal de Leiria, mas também na Mata Nacional do Pedrógão e do Urso, através das sementes que se vão espalhando. “Por via do incêndio aquelas bolotas do eucalipto foram explodindo e vêem-se grandes manchas a nascer”, advertiu recentemente o presidente da Junta do Coimbrão, Ventura Tomaz.
Essa situação foi constatada por Elizabete Marchante, em Julho, numa das visitas de campo que efectuou à zona, no âmbito de um projecto que está a desenvolver, desde 2015, de combate às acácias-de-espiga junto a São Pedro de Moel, com recurso a um insecto originário da Austrália.
“Antes do incêndio a situação das invasoras na Mata Nacional de Leiria já não era famosa. O fogo acabou por abrir caminho à sua proliferação, porque estamos a falar de espécies oportunistas e que progridem rapidamente, muito mais do que o pinheiro”, alega aquela bióloga, frisando que a situação só ainda não está pior, porque “tivemos um Verão quente”, com o calor a dificultar a progressão das i
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