Sociedade
Jovens da Amazónia em Ourém para falar sobre o ambiente
Os alunos brasileiros tiveram oportunidade de aprender a fazer pastéis de nata, na Escola da Hotelaria de Fátima, e, em troca, ensinaram alguns dos pratos típicos da Amazónia
Apesar de chegarem a Portugal na Primavera, foi um clima de Inverno que recebeu cinco jovens de Ourém do Pará, no Brasil.
A sensação de frio foi algo novo para os cinco alunos da Amazónia que estão em Ourém, até segunda-feira, num intercâmbio de conhecimento relacionado com as questões ambientais e alterações climáticas, no âmbito do projecto Eu no Mundo AMOURÉM, desenvolvido pela Assembleia Municipal de Ourém (AMO).
Esta iniciativa teve início há cerca de três anos com a realização de encontros virtuais entre os alunos dos dois países.
“Quando visitei pela primeira vez Ourém do Pará, em 2018, deixei a promessa aqueles meninos de que um dia os iria trazer à minha terra. Fico muito feliz pela concretização desse objetivo e espero que seja uma jornada muito gratificante para todos”, adianta João Moura.
O presidente da AMO explica que os cinco alunos, que foram selecionados pelos seus trabalhos, trazem à Europa “uma sensibilização daquilo que é o grande pulmão do nosso planeta, que é a selva da Amazónia”.
“Algumas delas são crianças indígenas, que nunca tinham viajado para fora da sua cidade, quanto mais para fora do país e do seu continente. Vieram demonstrar às crianças de Portugal aquilo que é o seu bem-estar, a sua vivência e também adquirir conhecimento daquilo que são as novas transições energéticas que Portugal já está a utilizar”, precisou ao JORNAL DE LEIRIA.
Segundo o presidente da AMO, cada um dos jovens, com 15 e 16 anos, apresentou um projecto “completamente inovador de tecnologias ou de práticas amigas do meio ambiente, inclusivamente na utilização de recursos naturais da própria Amazónia, para serem aproveitados, como, por exemplo, sementes de plantas, que podem ser incorporadas nos fornos para a produção dos cerâmicos dos tijolos para a construção de casas".
A comitiva, que inclui professores, teve o apoio da Secretaria Estadual de Belém do Pará, uma vez que vaio ser o local de reunião da próxima COP 30, a 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
João Moura assumiu estar orgulhoso por ter “ajudado a proporcionar a cinco crianças um sonho de vida, que passa, por exemplo, por terem a oportunidade de terem a sensação térmica no seu corpo”.
Os jovens, de 15 e 16 anos, tiveram oportunidade de sentir frio, algo que nunca terão vivido antes. “Eles nem imaginavam que existia. Onde vivem, as temperaturas não baixam dos 25, 26 graus. E, no domingo, vamos à serra da Estrela para verem e tocar na neve”, revelou o presidente da AMO.
Durante estes dias, os alunos brasileiros tiveram oportunidade de aprender a fazer pastéis de nata, na Escola da Hotelaria de Fátima, e, em troca, ensinaram alguns dos pratos típicos da Amazónia.
“Estamos a falar do local que tem o maior ecossistema e a maior biodiversidade, pelo que usam os recursos naturais para fazer os seus próprios alimentos”, constatou João Moura.
Os alunos ainda visitaram a Valorlis - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, torres eólicas e empresas de gestão de cariz ambiental, “para que tenham uma sensibilidade daquilo que são os recursos” e de que forma se podem utilizar as energias alternativas e práticas amigas do ambiente.
“O nosso desígnio é que estas crianças saiam daqui, ao fim de oito dias, com uma experiência de vida única e que levam uma mensagem muito forte aos seus amigos da escola”, disse.
O projecto Eu no Mundo AMOURÉM ficará concluído com a ida de cinco alunos de Ourém ao Brasil, em Setembro deste ano.
Os alunos foram seleccionados na Assembleia Jovem de Ourém, que elegeu a turma do Centro de Estudos de Fátima.
Os alunos venceram com um trabalho sobre os 50 anos do 25 de Abril, ao apresentarem “ArteFátima – A voz da “Liberdade”, que consiste na criação de uma estátua que “fala”. A estátua pretende retratar uma mulher jovem, dos anos 70, que vivenciou a Revolução do 25 de abril de 1974.
“É uma forma de eles levarem a mensagem daquilo que foi a conquista da liberdade", disse.