Sociedade
Jovens reclusos de Leiria vão ter formação digital para melhor reintegração
Ministério da Justiça pretende capacitar presos para o mercado de trabalho
Os reclusos do Estabelecimento Prisional de Leiria Jovens vão ter 35 horas de formação na área digital para adquirirem competências para uma melhor reinserção na sociedade, facilitando o processo de acesso ao mercado de trabalho.
O Projecto Social de Capacitação de Reclusos na Área Digital, que se traduz numa medida Justiça mais Próxima, Academia Recode, resulta de uma parceria entre o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ), a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), o Centro Protocolar da Justiça e a Cisco Systems Portugal.
Vão ser criadas duas turmas, que terão o acompanhamento de um formador presencialmente.
O responsável pelas academias da Cisco, Nuno Guarda, explica que a empresa vai disponibilizar gratuitamente dois cursos. Um “mais próximo daquilo que é a literacia digital, que ensina as pessoas sobre o que é a social media ou por que é importante ter um perfil no Linkedin para encontrar trabalho”, que terá a duração de 20 horas.
O outro curso é de introdução à cibersegurança, que pretende “sensibilizar os estudantes para a problemática da cibersegurança, explicando- lhes o que são ameaças e ataques, dando bagagem intelectual sobre o que se deve saber” e tem estimada a duração de 15 horas.
“Capacitar os cidadãos reclusos através da formação profissional é uma obrigação fundamental do Ministério da Justiça. Devemos dar todas as oportunidades aos nossos concidadãos que se encontram privados da liberdade para mudar de vida e de se aproximarem dos padrões normais de vida em sociedade”, diz Mário Belo Morgado, secretário de Estado Adjunto e da Justiça.
O governante acrescenta que “um sistema prisional moderno não pode deixar de ter um foco muito evidente na ressocialização e na prevenção da reincidência”. “Nesta medida, a par do desporto e do trabalho prisional, a formação é absolutamente fundamental.
Numa sociedade dominada pelas novas tecnologias de comunicação, é fundamental dar um salto relativamente ao tipo de formação tradicional e apostar muito claramente em tudo o que tem a ver com o mundo digital. Se a formação dos reclusos for direcionada para estas áreas, a sua inserção no mercado de trabalho será muito mais fácil”, sublinha Mário Belo Morgado.
O director da DGRSP, Rómulo Augusto Mateus, considerou este projecto uma “revolução tranquila, que vai entrando nas cadeias de mansinho”.
“A literatura ensinanos que a prisão vai conduzindo a uma infoexclusão das pessoas que estão presas. Hoje, estar fora do mundo digital é meio caminho andado para se perder uma importante quota parte de emprego, quando se regressa à sociedade”, constata Rómulo Augusto Mateus.