Sociedade
Leiria acompanha o aumento do número de burlas no País
Registaram-se mais 108 denúncias face a 2022
A Guarda Nacional Republicana lançou um alerta de sensibilização para os diversos tipos de burla, crime que aumentou em 2022 face ao ano anterior.
No ano 2023, registaram-se 21.548 crimes de burla (mais 3.579), destacando-se a burla informática e nas comunicações com 7.303 ocorrências (mais 785) e burla com fraude bancária com 3.079 registos (mais 449).
No distrito de Leiria, a GNR recebeu 909 denúncias face às 801 do ano anterior.
Segundo um comunicado, GNR apurou que as ocorrências com mais incidência dizem respeito ao modo de actuação de compra e venda de bens, MBWay e publicações na internet.
Nesse sentido, a GNR aconselha, numa situação de compra e venda, a não aceitar métodos de pagamento que desconhece nem seguir instruções de estranhos e a informar-se primeiro sobre qualquer serviço novo de pagamento junto do seu banco.
Nunca adicione ou associe um número de telemóvel que não seja o seu ou que desconhece a serviços bancários, não forneça dados confidenciais ou pessoais via correio eletrónico ou SMS e não siga ligações recebidas via correio electrónico ou SMS, sugere ainda a GNR.
Deverá também verificar o extrato da sua conta bancária com regularidade.
Cuidado com MBWay
Nas ocorrências através de MBWay, “por norma, o suspeito contacta a vítima, mostrando-se interessado em comprar determinado produto que se encontra à venda online (ex: redes sociais, plataformas de venda online) e refere que pretende efectuar o respectivo pagamento através da plataforma MB Way, alegando ser uma forma mais fácil e eficaz”, alerta a GNR.
Segundo a GNR, percebendo que os lesados desconhecem o funcionamento da aplicação, o suspeito convence-os a deslocarem-se a uma caixa multibanco (ATM). Seguindo as indicações do suspeito, as vítimas acabam por associar o número de telemóvel do suspeito aos dados da sua aplicação, sendo informadas que o dinheiro ficará disponível com brevidade.
A partir desse momento, o suspeito fica com o controlo total de acesso à conta bancária da vítima, através da aplicação.
Outra situação comum é depois de conseguir que a vítima aceite receber o valor por MBWAY, o burlão selecciona, na sua aplicação, a opção “Pedir dinheiro”, em vez de selecionar a opção “Enviar dinheiro”.
A vítima, desconhecendo em pormenor o funcionamento da aplicação e encontrando-se a aguardar o envio do dinheiro, é informada pelo suspeito de que já fez a transferência e que é só aceitar.
Ao seleccionar a opção de aceitar, a vítima acaba por ser burlada.
As vítimas são escolhidas de forma aleatória, recaindo a escolha sobretudo sobre as pessoas que possuem artigos à venda nas redes sociais e em plataformas de vendas online.
Para as compras na internet de forma segura, a GNR aconselha ainda a confirmar que a loja online é segura. Procure informações sobre a mesma na Internet, nomeadamente se dispõe de endereço físico, número de telefone, email e fax.
Assegure-se que na página web aparece identificado o responsável da loja online e a sua localização.
Desconfie sempre das ofertas demasiado atrativas, promoções imperdíveis e valores muito abaixo do mercado e certifique-se que o site adopta medidas de segurança para garantir a privacidade dos seus dados.
Após a compra fique atento ao seu extrato bancário, tenha um antivírus actualizado no seu computador e faça compras em páginas seguras, verificando se o endereço começa por “https://”.
Em caso de burla, denuncie o crime no posto policial mais próximo ou utilizando a plataforma digital constante no endereço https://queixaselectronicas.mai.gov.pt.
Modus operanti na compra e venda de veículos
O suspeito detecta o veículo à venda online e contacta o vendedor, dizendo que está interessado na viatura e que gostaria de ver e testar o mesmo, marcando um dia e local para o fazer.
No hiato temporal entre o contacto e o encontro com o proprietário, o suspeito coloca a referida viatura à venda online como sendo seu, por um valor muito inferior ao preço de mercado, aumentando assim exponencialmente o interesse no veículo, conseguindo desta forma arranjar facilmente um potencial comprador interessado (terceira pessoa).
No dia da visita/teste à viatura o suspeito contacta o legítimo proprietário, informando que não será ele a ver o veículo, mas sim outra pessoa, pedindo-lhe para não mencionar valores monetários.
Após a visita efectuada, o suspeito informa o legítimo proprietário que quer comprar a viatura e que lhe irá efectuar uma transferência bancária, enviando-lhe um comprovativo de transferência bancária (não efectivada).
Já na posse dos documentos do veículo, o suspeito negoceia a sua venda à pessoa que efetuou a visita ao veículo, e desta forma quando o legítimo proprietário se apercebe que a transferência bancária não foi efectivada, o suspeito já realizou a venda e mudança de propriedade do veículo para a terceira pessoa (a que efectuou a visita).
Esta é uma burla que por norma, lesa duas pessoas, o vendedor (legítimo proprietário) e comprador (terceira pessoa).
Nesse sentido, a GNR aconselha:
- Confirmar a identidade do vendedor/comprador;
- Suspeitar de valores abaixo do valor de mercado;
- Suspeitar dos intermediários envolvidos no negócio;
- Apurar, no momento da visita/teste, todos os pormenores do negócio;
- Antes de entregar a documentação do veículo, confirmar a efectividade da transferência bancária/pagamento.