Lentriscas em Castelo: Quem somos, ao que vimos e para onde vamos
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Lentriscas em Castelo: Quem somos, ao que vimos e para onde vamos
13 dez 2019 11:24
O mundo está asséptico, a Globalização reina soberana sobre a possibilidade de uma vida real.
Ricardo Graça e Bruno Monteiro, em modo lentrisca
Rafaela Calvete
Redacção
redaccao@jornaldeleiria.pt
Texto por Bruno Monteiro e Ricardo Graça
Toda a diferença está prestes a ser aniquilada por um exército de cuvetes plastificados munido de normas da A.S.A.E. Nas redes sociais, os profetas da saúde proliferam como coelhos australianos.
Estes vendilhões de feira vêm salvar o mundo com dois mirtilos e três bagas góji e nós, burgueses aZARAdos, ávidos de um novo Ponce de León, saltamos de Superalimento em Superalimento.
Somos Bowies da dieta, sempre em busca da nova metamorfose que nos fará viver para sempre... Aprendemos a temer o leite, os ovos, a manteiga e até o azeite.
Contudo, agora os ovos e o azeite ganharam o epíteto de Super e, até que apareça o novo óleo de coco ou quinoa mágica, ir-se-ão manter na dança dos gurus do digital social.
Estamo-nos a esquecer, a trocar o genuíno por uma segurança aparente, embalados numa uniformização que garante uma indústria onde normas e regras se sobrepõem à autenticidade e à cultura.
A verdade corre riscos, meus caros. Vendemos o nosso passado, as nossas tradições, aos senhores de Bruxelas que, alimentados a batatas fritas e gaufres, se sentem incomodados por a dona Dionísia vender queijos, como o fizeram sua mãe e sua avó. Somos uns ambientalistas alimentados a fruta e a legumes mais viajados que o Gonçalo Cadilhe...
Mas tudo isto vai mudar... pois nós, fomos incumbidos por Deus, num sábado à noite quase de manhã, de mostrar o porco que nunca visitou o Louvre, o pepino que foi assassinado e transformado numa salada a metro e meio do local do crime, o carapau que prefere a Nazaré para se estender ao Sol a qualquer Riviera Maia...
Apresentar a galinha que entende as coisas simples da Vida e sabe que a Martingança é o sítio certo para nascer, pôr ovos e morrer... Como homens do Renascimento, como homens de ciência, como homens de fé, sabendo que todos os balcões se ergueram pela altura do nosso cotovelo, procuraremos a resposta para a mãe de todas as questões: Haverá bifanas para lá da morte?!