Economia

Lusiaves avançou com preço “muito baixo” para terrenos em Pedrógão Grande, responde autarquia

24 jun 2022 10:18

Empresa prometeu investimento de 64 milhões e criação de 300 postos de trabalho na sequência dos fogos de 2017

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O presidente da autarquia, António Lopes, salienta que população também se opôs à criação de instalações da empresa junto à sede do concelho
Vítor Oliveira
Redacção/Agência Lusa

A Câmara de Pedrógão Grande respondeu hoje que o preço que o Grupo Lusiaves avançou para a compra de terrenos para concretizar o investimento de 64 milhões de euros anunciado na sequência dos incêndios de 2017 foi “muito baixo”.

“Pelas informações que tenho, os preços que o Grupo Lusiaves avançou para a compra dos terrenos foi muito baixo”, disse à agência Lusa o presidente do Município, António Lopes, eleito em Setembro.

Segundo o autarca, além da questão do preço, “a localização era próxima da vila” de Pedrógão Grande, sendo que “houve também alguma resistência de uma parte da população, que manifestou desagrado por eventuais consequências ambientais do investimento”.

Na quarta-feira, fonte da empresa, sediada em Leiria, explicou que, “na sequência da celebração do Memorando de Entendimento em que o Grupo Lusiaves demonstrou disponibilidade para construir unidades de produção nas zonas afetadas pelos incêndios durante o verão de 2017, nomeadamente em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos [distrito de Leiria], foram identificados, em cada um daqueles concelhos, vários terrenos que o Grupo Lusiaves considerou terem as características adequadas à instalação daquelas unidades”.

A mesma fonte adiantou que, “devido a não terem sido afastados os constrangimentos em matéria de ordenamento do território que existiam para aqueles terrenos, nomeadamente no que respeita aos PDM [planos diretores municipais] e aos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, o Grupo teve de procurar localizações alternativas onde pudesse realizar aqueles investimentos”, tendo sido “identificados terrenos com potencial para tal em Oleiros, Proença-a-Nova [ambos distrito de Castelo Branco] e Góis [Coimbra]”.

Os incêndios que deflagraram em Junho de 2017 em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos, sobretudo Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos a 253 populares, sete dos quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.

Dois meses depois dos incêndios, a Lusiaves anunciou que iria investir 64 milhões de euros naqueles três concelhos, criando ao todo 300 postos de trabalho, na produção de ovos para incubação e aves.

No mesmo ano, em dezembro, a empresa informou que iria investir nos concelhos de Góis, Oleiros e Proença-a-Nova, que também foram afectados pelos incêndios de Pedrógão Grande.

Segundo fonte da empresa, “já se iniciaram as obras no concelho de Oleiros para a instalação de uma nova unidade do Grupo, estando ainda em curso diligências nos outros dois concelhos que permitam idêntico resultado”.

“Não obstante a enorme burocracia e morosidade destes processos, o Grupo esclarece que mantém o interesse em todos os projectos [Oleiros, Proença-a-Nova e Góis] e está activamente a desenvolver as ações necessárias que dependem de si para a implementação dos mesmos com a maior brevidade”, acrescentou.

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