Sociedade

Luso-descendente publica livro sobre a guerra colonial… e não só

17 jul 2016 00:00

Filho de emigrantes de Pombal, Mickäel Oliveira estreia-se como escritor.

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Maria Anabela Silva

A busca da identidade, através da abordagens sobre o Estado Novo, a guerra colonial e a emigração 'a salto', é o tema central do primeiro livro de Mickaël Oliveira, que assina como Mickão C. de Oliveira. Depois de uma passagem pelo jornalismo, o jovem luso-descendente, com origens em Pombal, estreia- -se agora na literatura com o título Nenhum lugar é vário, uma obra cuja história tem como pano de fundo “muitos dos lugares do Outeiro do Louriçal”, terra natal dos avós paternos do escritor, com a qual o autor teve sempre “uma relação muito forte”.

Mickaël Oliveira, 27 anos, conta que o livro, agora editado, foi escrito em 2011, durante o segundo ano de mestrado em Estudos Lusófonos, feito na Universidade de Sorbonne, com uma tese sobre as representações dos emigrantes portugueses em França e dos imigrantes africanos em Portugal nos média e na literatura. O ponto de partida foram algumas crónicas, “muito clichés”, e obras literárias onde o emigrante e o luso-descendente “é visto como uma pessoa que, quando sai do País, abandona por completo as suas origens e as suas tradições” ou que “só pensa em dinheiro”. O livro surgiu “como uma espécie de escapatória, dentro do qual pude expulsar todo o ódio e uns laivos de militantismo que havia em mim”, explica.

Na obra, Mickäel encontrou também forma de dar seu “ponto de vista” sobre a identidade lusofrancesa, a partir de temas como a guerra colonial, o Estado Novo e a emigração ' a salto'. “Enquanto neto e filho de emigrantes, já nascido e criado em território francês, noto que há imensas pessoas que não sabem que muitos emigrantes fugiam de Portugal, alguns, sim, por razões económicas, mas também por causa da guerra colonial e do Estado Novo. Era importante para mim evocar esse lado negro da história portuguesa, com as minhas palavras”, diz o jovem luso-descendente.

No seu processo criativo, Mickäel inspirou-se na literatura africana de expressão portuguesa e no percurso de alguns emigrantes, com quem foi conversando “ao longo da vida”, entre os quais os seus avós e pais. “É um livro sobre a identidade, sobre a busca da identidade, sobre a confusão que é a identidade, única mas plural”, conclui o autor.

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