Sociedade
Mais de 20% dos jovens portugueses não estudam nem trabalham
“Números são preocupantes”, alerta sociólogo Elísio Estanque
Em 2016, mais de um em cada cinco jovens portugueses dos 15 aos 29 anos, ou seja 20,8%, não trabalhava nem estudava, percentagem que é quase o dobro da registada em 2000, quando eram 11% os jovens naquela situação.
Portugal apresenta assim a quinta taxa mais elevada da OCDE no que se refere aos chamados jovens nem-nem, ou NEET, sigla inglesa para Not in education, employment, or training, revela a última edição do relatório Education at a Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
De acordo com o Diário de Notícias, que cita o relatório, a explicação aparente para a subida estará nos adultos entre os 25 e os 29 anos, que são considerados neste estudo mas por norma não constam deste tipo de análise.
No final de Agosto, por exemplo, o Eurostat divulgou dados relativos aos jovens dos 18 aos 24 que não trabalham nem estudam e Portugal surgia com uma taxa de 12%, em linha com a média da OCDE. No final de 2016, era de 11,5%.
O relatório da OCDE indica que a causa das elevadas percentagens de nem-nem não está do lado da Educação, já que entre 2000 e 2016, período em que os jovens portugueses nessa situação passaram de 11% para 20,8%, a taxa dos que estavam a estudar cresceu de 36,5% para 43,3. A questão está na descida, nesse período, dos que estavam empregados, que passaram de 52,6% em 2000 para apenas 35,9% em 2016.
Citado pelo Diário de Notícias, o sociólogo Elísio Estanque aponta algumas críticas ao método da OCDE. Nomeadamente o facto de “combinar dois grupos muito distintos”: jovens dos 15 aos 24, a maioria dos quais a estudar, e jovens dos 24 aos 29. No entanto, admite que, mesmo com estas ressalvas, “os números são preocupantes”. “Numa altura em que a escolaridade está a aumentar e o desemprego a descer, deixam-nos perplexos”, assume.