Desporto
Marcar é com elas
Equipa sénior feminina do Núcleo do SCP de Pombal lidera, invicta, a Série A do Campeonato da 1ª Divisão de futsal. Já marcou 72 golos, só no campeonato, e tem três atletas a lutar pelo título de melhor marcador
Nesta época desportiva, no distrito de Leiria, há uma equipa que se tem destacado pela sua veia goleadora. Trata-se da equipa sénior feminina de futsal do Núcleo do Sporting Clube de Portugal de Pombal (NSCPP), que lidera a Série A do Campeonato da 1ª Divisão com dez vitórias em outros tantos jogos, tendo também, no passado sábado, carimbado a ida à final da Taça Distrital.
Até ao momento, só no campeonato, já marcaram 72 golos. A segunda equipa mais concretizadora na sua série, tem “apenas” 29. Se juntarmos os três jogos disputadas na taça, a média de golos decresce, mas mesmo assim o NSCPP introduziu mais 10 vezes a bola na baliza adversária.
Outro factor em destaque na equipa, é que praticamente todas as jogadoras já marcaram e, na liderança das melhores marcadoras da série A, encontramos três atletas do NSCPP. Quem olha para a classificação pode pensar que esta caminhada tem sido quase um passeio, mas não é bem assim. Principalmente nesta fase da época em que o NSCPP tem sentido a ausência de algumas atletas por lesão e motivos pessoais, o que encurta as opções num plantel que já não é muito extenso.
Ainda no passado sábado, no jogo da meia-final da Taça Distrital, fomos testemunha de mais uma lesão, aparentemente grave, de uma jogadora. É com essas limitações que o treinador Pedro Silva tem de trabalhar, tentando cumprir um objectivo que já esteve perto de se concretizar na época passada: a subida da equipa aos campeonatos nacionais. Essa é, aliás, a grande ambição do plantel, que já se conhece muito bem e que assume ser uma grande família.
Mas o que mudou de uma época para a outra, para os golos surgirem com mais naturalidade? O treinador assegura que têm trabalhado muito a concretização, admitindo que “as coisas têm fluído” e que as jogadoras têm conseguido materializar o domínio em golos, o que nem sempre é fácil.
Pedro Silva garante que tem rodado as jogadoras ao máximo e que até poderia ter mais golos se deixasse as melhores marcadoras mais tempo em campo. Com o primeiro lugar na série já garantido o treinador sabe que pode fazer agora esta gestão do plantel, mas que, na Taça Nacional que se aproxima, isso já não será possível.
Outra explicação pode estar nas mudanças operadas no campeonato deste ano, pela Associação de Futebol de Leiria. As equipas foram divididas em duas séries e, aparentemente, a Série A pode ter menos competitividade do que a B, como admitem algumas jogadoras.
É o caso de Margarida Patusco, a capitã e uma das melhores marcadoras da equipa. Isso pode ajudar a explicar a quantidade de golos, mas obviamente que a qualidade de jogo (e da finalização) também ajuda.
Margarida Patusco diz que em campo, as jogadoras não pensam em quem vai marcar mais. “Essa rivalidade não existe. Só quero que o jogo corra bem, façamos a nossa parte e não interessa quem marca, desde que o golo apareça”, afirma.
Aos 22 anos (12 dos quais no NSCPP), assume que já teve convites para jogar nos nacionais, mas que lhe ia custar muito sair de Pombal, “porque a equipa é como uma segunda família”. Garante que só sairá depois de colocar o NSCPP num patamar superior.
Outra das melhores marcadoras é Sofia Regadas, uma das jogadoras que enfrenta actualmente uma lesão mas que não deixa de apoiar a equipa nos jogos, como se verificou no passado fim-de-semana.
Já com bastante experiência no futsal (começou aos 14 anos e tem 31), tendo inclusive jogado na 1ª Divisão, sido campeã nacional universitária e vice-campeã europeia universitária, considera também que “esta é uma época anormal, até pela forma como o campeonato foi distribuído”.
Contudo, salienta que o grande número de golos marcados “não se deve a demérito das adversárias, mas antes porque temos tido muito melhores finalizações e capacidade de decidir”.
E se há algo de que se orgulha nesta época, é de ver muitas jogadoras diferentes a marcar golos. “Por vezes temos quase toda a equipa a marcar num jogo e isso, para mim, tem muito mais valor e é de realçar”, conclui.
Pedro Silva não esconde a ambição de subir à 2ª Divisão Nacional, mas sabe que a ausência de várias jogadoras, quer por lesão quer por outros motivos, tem afectado a equipa e limitado o plantel, refreando um pouco o ânimo.
“Estamos a entrar numa fase crucial, onde os jogos começam a apertar, com equipas de um nível superior ao que temos defrontado, e era uma altura em que precisava de ter o máximo de atletas disponíveis”, diz o treinador, acrescentando: “Infelizmente temos tido estas lesões, mas temos que dar a volta, encontrar soluções e continuar com o foco nas vitórias”.
Sofia Regadas afina pelo mesmo tom. “O nosso foco está em subir ao nacional”. Antes, há dois títulos distritais para disputar. Campeonato e Taça. As defesas adversárias que se cuidem, porque as jogadoras pombalenses marcam muitos golos e não se fartam.