Desporto
Marco Sousa: o treinador que nunca pensou ser quer a Taça que tanto cobiçou ganhar
Enquanto jogador não cogitou ser técnico, mas agora dirige uma importante equipa portuguesa. É o Águas Santas, que disputa este fim-de-semana a final four da Taça de Portugal de andebol
Tinha 22 anos quando deixou Leiria e rumou aos arredores de Vila do Conde para jogar no modesto Macieira. Foi um percurso feito a pulso, de suor, crença e dedicação, que o levou dos escalões secundários do andebol português aos palcos principais, primeiro como jogador, agora como treinador.
Marco Bruno transformou-se em Marco Sousa, adquiriu a pronúncia do norte e cresceu ao ponto de se tornar numa das referências da modalidade em Portugal. De tal forma que este fim-de-semana vai conduzir o seu Águas Santas à final four da Taça de Portugal.
Como para a maioria dos rapazes da Estação, tudo começou no Atlético Clube da Sismaria, tinha nove anos. “Como o meu irmão Ricardo foi a um treino, achava que também tinha de ir. Fazia birra em casa da minha avó porque ele ia e eu não”, recorda. Foi e apreendeu o bairrismo exacerbado com que se vivia o clube da terra.
"Só podemos controlar a nossa parte, por isso vamos certificar-nos de que estaremos num dia óptimo.”
Cresceu em tamanho e revelou qualidade. “Tinha algum jeito, mas tinha mais determinação do que propriamente talento”, considera Marco Sousa. A verdade é que aos 17 anos já jogava na equipa sénior. E depois, como também tinha sonhos para a sua carreira, deu um salto mais pequeno, mas que o levou igualmente longe.
“Foi uma aposta um bocadinho arriscada, mas arranjaram-me um emprego que ainda é o mesmo que tenho, por isso posso considerar que correu bem”, explica o técnico sobre a viagem para Vila do Conde.
Seguiu-se o Xico Andebol e o São Bernardo, clube onde finalmente se estreou no patamar mais alto da modalidade em Portugal, tinha já 29 anos. Aos 33 anos chegou então ao clube de maior dimensão, o Águas Santas. “Foram três anos muito bons, em que andámos sempre nos primeiros lugares.”
Quando pensava pendurar o equipamento, ainda teve experiências no Fafe e no Avanca, clube que ajudou a regressar à 1.ª Divisão, até que deixou aos 39 anos. Sempre, em paralelo com a actividade profissional.
“Aos 25 anos percebi que o andebol profissional é para muito poucos. No andebol é tudo muito precário. Se queria estabilizar a minha vida familiar não podia ficar dependente de um salário que, para ser profissional, mal chega, e de um contrato de dois anos que não nos assegura o futuro. Há contas para pagar.”
Era acordar as oito da manhã, ir trabalhar, sair às seis, ir para o treino, equipar a correr, “atar os cordões das sapatilhas já dentro do campo” e treinar às oito. “Às vezes respirava fundo quando já estava dentro de campo pronto para treinar”, recorda.
Obviamente, “sai do corpo”. “Tinha anos de fazer 50 mil quilómetros no meu carro. Por dia fazia 180 quilómetros.”
Nasceu a Joaninha, já havia o Zé com quem partilha a paixão pelo andebol. Marco queria dar atenção à família, mas surgiu novo desafio para ajudar o técnico e amigo Carlos Martingo no último club
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