Economia

Mercado externo anima fabricantes de calçado e de vestuário da região

24 jul 2022 14:53

Regresso dos eventos sociais é uma das razões deste crescimento

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Trofal foi uma das empresas que aumentaram as exportações
DR
Daniela Franco Sousa

A exportação de roupa e de calçado tem vindo a aumentar em várias empresas da região de Leiria, que acompanham uma tendência de crescimento nacional.

Na fábrica de calçado Serrazina, na Benedita (Alcobaça), as exportações começaram a subir ainda antes da pandemia, sobretudo para Inglaterra e Estados Unidos, explica o proprietário, Rodrigo Serrazina.

Entre outros novos compradores, tem vindo a ganhar expressão uma cliente que se interessou pelas botas feitas por esta empresa e começou a lançá-las em filmes e séries de época vitoriana, expõe o responsável.

Além disso, começou também a difundi-las entre clientes estrangeiros que têm gosto por moda alternativa e por este calçado, cujo processo de fabrico tem ainda muito de tradicional.

A perda de clientes nacionais foi compensada pela subida de exportações desta fabricante, que por isso irá apostar na aquisição de novo equipamento, adianta Rodrigo Serrazina.

Luís Couto, administrador da Trofal, outra fabricante de calçado da Benedita, também explica que as exportações de calçado aumentaram nos últimos meses, depois da crise pandémica, embora, com a guerra, estejam já a estabilizar.

Esse crescimento aconteceu com os artigos mais económicos da Trofal.

Talvez pelo afastamento de alguns compradores em relação aos fabricantes chineses, devido à subida de custos de combustíveis e de transportes, acredita Luís Couto.

Tal não se verificou com os produtos de alta qualidade, porque a inflação aumentou e o poder de compra diminuiu, contrasta o responsável.

Talvez mais produção houvesse se não fosse a falta de recursos humanos qualificados. Com a pandemia, pessoas em idades próximas da reforma saíram da empresa e há também mais  absentismo, nota Luís Couto.

O nosso jornal apurou também junto da Rembo, que tem casa -mãe na Bélgica e unidade de confecções em Santa Eufémia (Leiria), que as suas exportações têm crescido na Europa. 

Fabricante de vestidos de noiva, a empresa beneficia com o regresso das festas de casamento, depois da fase mais limitativa da pandemia.

Nos primeiros cinco meses do ano, a indústria de vestuário destinou ao exterior bens no valor de 1468 milhões de euros, mais 17,9% do que no período homólogo.

Citado pelo Dinheiro Vivo, o presidente da Associação Nacional do Vestuário, César Araújo, falou em sinais de retoma, com pessoas a voltar aos eventos sociais, casamentos e baptizados, mostrando-se no entanto preocupado com taxas de absentismo nas empresas do sector, de 15% a 20%.

Citando o INE, o Dinheiro Vivo refere ainda que, nos primeiros cinco meses de 2021, Portugal vendeu lá fora 33,577 milhões de pares de sapatos no valor de 792,4 milhões de euros, o que representa um crescimento de 23,4% em quantidade e de 30,33% em valor.

Mas também o director de comunicação da  Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos  reporta  níveis de absentismo da mesma ordem.