Desporto

Metade das pistas de tartan do distrito não tem condições para receber provas oficiais

17 nov 2016 00:00

No distrito de Leiria há oito estádios dotados de pistas sintéticas. No entanto, seja por estarem deterioradas ou por não cumprirem as disposições da federação internacional, há quatro onde não podem decorrer competições oficiais.

Nazaré (Foto: CMN/V. Estrelinha)
Pombal (Foto: CMP)
Pombal (Foto: CMP)
Pombal (Foto: CMP)
Leiria (Foto: Ricardo Graça)
Leiria (Foto: Ricardo Graça)
Leiria (Foto: Ricardo Graça)
Caldas da Rainha (Foto: CMCR)
Caldas da Rainha (Foto: CMCR)
Caldas da Rainha (Foto: CMCR)
Alvaiázere (Foto: Google Maps)
Alvaiázere (Foto: Google Maps)
Alvaiázere (Foto: Google Maps)
Marinha Grande (Foto: Ricardo Graça)
Marinha Grande (Foto: Ricardo Graça)
Marinha Grande (Foto: Ricardo Graça)
Alcobaça (Foto: Google Maps)
Alcobaça (Foto: Google Maps)
Alcobaça (Foto: Google Maps)

Alvaiázere, Pombal, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Alcobaça, Caldas da Rainha e Óbidos. Entre os 16 concelhos do distrito, metade tem à disposição uma pista de tartan para a prática de atletismo.

Foi entre a década de 90 do século passado e os primeiros anos do novo milénio que floresceram um pouco por todo o lado, de norte a sul desta área geográfica, mesmo em locais que, aparentemente, poucas razões haveria para um investimento de tal grandeza.

Só que eram anos de chorudos fundos vindos da Europa. A “moda” escudava-se numa estratégia política de obra feita e hoje, das oito pistas de tartan instaladas no distrito de Leiria, apenas quatro têm condições para receber competições oficiais: Pombal, Leiria, Marinha Grande e Óbidos.

António Reis, presidente da Associação Distrital de Atletismo de Leiria (ADAL), entende que alguns locais, em vez de haver uma pista a “enfeitar um estádio”, provavelmente teria feito “mais sentido” fazer pistas simplificadas “na raiz”, que são as escolas do concelho, onde clubes e autarquias poderiam “cativar mais os miúdos”.

Inconformidades

Por incrível que possa parecer, há mesmo casos em que as pistas não podem acolher competições por haver inconformidades no tartan, o que impede a homologação dos resultados. E já passou mais de uma década…

Em Alvaiázere, o sector de salto em altura está desnivelado e o relvado é sintético, o que não permite a realização das provas de lançamentos. Na Nazaré, o problema é o mesmo. Também existe um desnível, mas no sector de lançamento do peso.

O que aconteceu? Faltou método no momento da construção. “Bastaria que as entidades proprietárias das pistas escrevessem no caderno de encargos que a pista tinha de cumprir as regras da federação internacional de atletismo (IAAF) e ser aprovada pela Federação Portuguesa de Atletismo (FPA)”, salienta Carlos Carmino, director técnico regional.

“Não acredito que tenham chegado à associação e perguntado como devia a pista ser feita e onde deviam estar os sectores para um melhor desempenho. Houve dinheiro mal gasto”, completa António Reis.

Contactado pelo JORNAL DE LEIRIA, o vereador do Desporto da câmara da Nazaré revelou que a autarquia está a “fazer todos os esforços para cumprir com os requisitos para a homologação”. “Já foram efectuados contactos com a ADAL no sentido de se verificar as falhas existentes para posterior correcção”, concluiu Manuel Sequeira.

Já em Alvaiázere, a única intervenção prevista “consiste na substituição do relvado sintético do estádio” e que está orçada em 150 mil euros, revelou a autarquia.

Deterioração

Os problemas de construção não são, contudo, os únicos desafios à prática de atletismo no distrito de Leiria. E temos a prova num dos locais mais utilizados em tempos idos, inclusivamente para a realização de competições nacionais.

O Complexo Desportivo das Caldas da Rainha é, hoje, uma sombra do que foi noutros tempos e com consequências na prática da modalidade no concelho. O Arneirense, clube que conquistou o título nacional feminino do escalão juvenil em 2008, não pode agora concorrer com os mais fortes e na temporada transacta não foi além dos 25 atletas federados.

Segundo informação da ADAL, os problemas desta pista começam no próprio tartan, “em elevado estado de degradação” em grande parte da recta da meta. Depois, os colchões para os saltos verticais “já não existem” devido à exposição ao sol e à chuva. O material está, de resto, bastante desgastado com o passar dos anos.

Quanto ao sector dos lançamentos, construído fora do estádio para evitar o arremesso de engenhos para o relvado, “ficou destruído devido a uma tempestade e não mais foi melhorado”.

A situação não é melhor em Alcobaça. Segundo a associação distrital, “não existe manutenção” e o espaço é utilizado de “forma inadequada”, com a “circulação frequente de veículos pela pista”. “Há zonas de pista sem sintético e com alterações”, o “obstáculo da vala foi cortado” e foi “retirado o sector de lançamento do peso” quando o relvado natural foi substituído por um sintético, no final de 2014.

No entanto, o que mais incomoda a ADAL é o facto de não haver um único balneário para os atletas. “Os pais não querem ver os filhos a equiparem-se entre dois bancos. Nos dias de hoje, isso já não pode acontecer”, desabafa António Reis. “Assim, quem quer praticar atletismo?”

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