Sociedade

Nídia Nair Marques: “Fazer voluntariado na prisão é valorizar a liberdade”

2 abr 2017 00:00

Voluntariado, arquitectura, ilustração e poesia na Impressão Digital desta semana.

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O apego à poesia vem dos tempos de Venda dos Olivais?
Cresci numa casa modesta que tinha muitos recantos atractivos para aventuras infantis. Cresci, pelos quintais e campos, com liberdade, curiosidade e espanto. Talvez o texto poético nos traga isto: liberdade e espanto. Escreviam-se cartas e ofereciam-se postais... Os postais são veículos mais propícios à poesia?

Nomear o mundo com palavras e uma intenção poética é meio caminho andado para...
Chegar a um cruzamento: quem se aproxima? quem se coloca em fuga?

Escreve para ser lida?
Tenho cadernos e caderninhos que só eu releio.

E quando está no papel de leitora, quem são os seus autores favoritos?
Leio autores, temas e géneros muito diferentes. Não sei se é uma escolha regrada. Leio com prazer e para conhecer um pouco mais a história humana, individual e colectiva.

O que aconteceu quando levou poesia pela primeira vez aos reclusos de Leiria?
Desejamos, principalmente, que eles sintam que têm poesia dentro de si, que têm potencial próprio para se renovar, recomeçar. Citando Sophia de Mello Breyner “Deus escreve direito por linhas tortas”.

Fazer voluntariado na prisão é uma espécie de pena de serviço cívico auto-imposta?
Não. É uma oportunidade para aprofundar e reflectir sobre a sociedade que somos ou gostaríamos de ser. É valorizar a liberdade e o tempo de poder “ir ao encontro”, estar. Acreditar que as grades não são definitivas e há que optimizar os percursos (recursos?) para quando as portas se reabrirem.


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