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O mundo empresarial como palco. Rosários 4 e o fio condutor entre a Manufatura e a arte performativa
Trabalhadores “foram muito receptivos e generosos, na partilha e entrega”
A Rosários 4, empresa especializada no fabrico e tingimento de fios para tricot, crochet e Arraiolos, sediada em Mira de Aire (Porto de Mós), foi palco, na sexta-feira da semana passada, de uma apresentação especial da iniciativa Manufatura, co-produzida pelo Leirena Teatro – Companhia de Teatro de Leiria em parceria com a Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria.
Através de uma residência artística, o encenador Eduardo Molina orientou os trabalhadores desta unidade fabril, que foi o primeiro mecenas a acolher um projecto num contexto de aproximação do mundo empresarial à arte performativa, promovido pelo Leirena.
Juntos, percorreram um labirinto criativo, com o(s) fio(s) da Rosários 4, como condutor.
Molina conta que os trabalhadores “foram muito receptivos e generosos, na partilha e entrega”, que resultaram numa nova abordagem do espectáculo multidisciplinar A Infinda Apetência da Luz e do Sol.
Uma narrativa dramática de leitura obrigatória serviu para uma conversa de peito aberto entre os operários e Eduardo.
“Quis saber as partes do texto que mais lhes tinham ressoado no peito. Depois, escrevi um texto para cada um dos participantes, onde mesclei narrativa ficcional e realidade, fazendo com que se identificassem com o papel.”
O nervoso miudinho e o medo do palco foi ultrapassado, as rotinas foram aprendidas e bem oleadas.
Na sexta-feira, estava tudo pronto.
Primeiro houve uma apresentação “privada”, para os restantes trabalhadores da Rosários 4 e familiares e, depois, houve outra para o público da vila.
Contas feitas, mais de 150 pessoas assistiram ao Manufatura, que teve ainda como parceiro a DGArtes.