Sociedade

O nome a atribuir

26 jul 2016 00:00

As pessoas desinteressavam-se dos registos elaborados pelos padres quando nasciam, se casavam ou morriam.

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Assim se queixava, no declinar do século XVIII, o pároco de S. Julião de Lisboa, escrevendo no livro de óbitos que os seus fregueses enterravam nos mosteiros e conventos os seus defuntos sem declarar o óbito para não pagarem emolumentos. Aos assentos era dado o valor de registo do sacramento: o batismo com os Santos óleos, o casamento com o rito definido pelo Concílio de Trento e o óbito com a extrema-unção e não o valor de registo, de fé pública dos nascimentos, dos casamentos e das mortes.

Assim, era vulgar encontrar-se o batismo de um indivíduo que não consta nos matrimónios nem nos óbitos, ou encontrar o óbito de um viúvo ou viúva de quem não figuram o batismo nem o matrimónio. As pessoas, muito frequentemente, nasciam, viviam e morriam em casais ou aldeias perdidas no isolamento dos campos, sem preocupações de irem à igreja pagar emolumentos.

Claro que os padres procuravam que os sacramentos fossem aplicados e o seu registo escrito. Encontramos assentos de nascimentos de crianças registadas de país incógnitos que mais tarde são reconhecidas com progenitores conhecidos pois uns dias antes. Neste caso, o padre lavra um outro assento dizendo que os recém-casados acabaram de reconhecer como sua a criança atrás dita registada como incógnita.

Num registo de casamento que encontrei na zona de Leiria, um padre escreve que um viúvo de 60 anos se casa com Maria, de 20 anos, sua vizinha. Acrescenta que no final do casamento apareceu uma criança que ele batizou, e que os nubentes reconheceram com sua! Percebe-se bem o que se passou.

Assim os párocos, pacientemente, lá iam procurando que os seus paroquianos cumprissem os sacramentos, ao menos aqueles que ficavam ao alcance da igreja. E como eram atribuídos os nomes? No século XVIII deram-se algumas inovações no uso dos apelidos e entre a nobreza titular difundiu-se a moda estrangeira de usar nomes muito compridos chegando a haver pessoas com mais de 30 nomes.

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