Desporto
O primeiro 'derby' do futuro foi disputado na semana passada
No dia 24 de Janeiro decorreu o primeiro 'derby' virtual entre a União de Leiria e o Leiria e Marrazes. E aqueles 22 rapazes que disputaram a partida ficam na história deste meio século de rivalidades.
Hoje, como há cinco décadas, um derby é sempre para ganhar. Na altura da formação da União de Leiria, em 1966, o Leiria e Marrazes, com sua idiossincrasia, fugiu a sete pés da fusão.
Para não ser mais um Sporting Leiriense ou um Coliponense da vida abdicou de jogar no relvado do Estádio Municipal e subiu o morro até à aldeia onde, três anos depois, fundou o seu Parque de Jogos, num jogo com os rivais da cidade.
Rivais, sim, mas as histórias dos dois clubes estão intimamente ligadas. São, até, indissociáveis, para o bem e para o mal.
Os homens que vestiam de negro contra os que jogavam de branco. Há 52 anos, no dia 2 de Outubro de 1966, a contar para a Taça Bombarral, os dois clubes encontraram-se pela primeira vez. Os de branco venceram por 3-1.
Nesses anos falava-se dos golos de Monteiro e de Rocha contra os de Rousseau e Familiar. E hoje, após o mundo dar muitas e muitas voltas, os derbies são jogados de outra forma. Não é o talento com os pés que faz a diferença, é o habilidade com as mãos a manusear a consola PS4 que está agora em causa.
Muitos dos primeiros adeptos do Marrazes e da União dariam uma volta na campa se lhes contassem o que vos vamos contar. É que a semana que passou vai ficar marcada de forma indelével na história dos clássicos.
Porquê? É algo que nos anos 60 do século passado seria coisa de extraterrestre, com toda a certeza.
Prepare-se, vamos lá! No passado dia 24 de Janeiro foi disputado o primeiro derby de Leiria, entre o Marrazes e a União, em... futebol virtual. Não é nonsense, está dito.
Os heróis já não são o Monteiro ou o Familiar, nem sequer o Nuno Joaquim, o Clemente, o Pepo ou o Derlei. Hoje, os donos da bola são... o Fábio27Lr e o NelJess, o ratinhu1 e o marlonpatela_.
Em voga
Seguindo uma tendência cada vez mais enraizada na sociedade, sobretudo entre os mais jovens, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu criar uma divisão de jogos virtuais (eSports) que formasse uma comunidade de jogadores do FIFA, o popularíssimo jogo electrónico de futebol.
É a aposta num mercado em expansão. Estima-se que em 2017 os eSports tenham valido 696 milhões de dólares, com uma audiência global de 385,5 milhões de pessoas.
Sobretudo na Europa, o FIFA tem a sua quota-parte deste mercado emergente, que se espera que em 2020 chegue aos 1,488 mil milhões de euros. A Federação Portuguesa de Futebol não podia deixar este imenso mundo novo de possibilidades fugir-lhe das mãos. Vai daí, decidiu replicar virtualmente o que se passa dentro de campo.
E começou pela Taça da Liga, na qual se inscreveram 48 grupos. Além da União de Leiria e do Leiria e Marrazes, também o Grupo Desportivo de Peniche está nos quadros competitivos. Coincidência das coincidências: havendo quatro grupos, os rivais da cidade calharam na mesma série.
São, contudo, duas filosofias completamente diferentes. No plantel da União de Leiria não há jogadores da cidade – a maioria é do Norte do País - e até há seis que residem fora de Portugal, mais concretamente no Luxemburgo, em Itália, no Brasil e em Angola.
Já o Marrazes apresenta uma constituição mais local, tendo cinco jogadores que alinharam no escalões jovens do futebol real do clube. O Fábio yanky_90_pro Henriques, por exemplo, chegou a jogar com Rui Patrício nos tempos do saudoso João das Barbas.
Apesar de ser um jogo de simulação, não se pense, que esta competição é levada de ânimo leve, que estamos a falar de rapaziada que se junta à hora do jogo. Aqui, o futebol virtual não é uma brincadeira. Treinam praticamente todos os dias, analisam os vídeos dos adversários, trabalham bolas paradas e preparam a subida das linhas para deixar o adversário em fora-de-jogo, “tal e qual como no futebol”.
As expectativas eram altas e várias dezenas de pessoas assistiram à transmissão online nos canais de ambas as equipas, no YouTube e no Twitch. O primeiro clássico virtual estava marcado para terça-feira, às 21:45 horas, mas também neste universo paralelo acontece o inesperado.
Não foi uma bancada como a da Amoreira que ameaçou ruir, nem o nevoeiro como o da Choupana que apareceu. Problemas técnicos associados aos servidores levaram ao adiamento do jogo para o dia seguinte.
Apito na boca
Com um ligeiro atraso, perto das 23 horas de quarta-feira, lá começou o desafio, disputado na Aldeia do Desporto virtual. “Vamos lá! Até os comemos!” O pontapé de saída foi para Fábio skunkforlife Viegas, ponta-de-lança da União de Leiria. E como derby é derby e ninguém quer perder, os primeiros minutos foram de estudo mútuo, com a bola a aproximar-se poucas vezes das baliz
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