Sociedade
“O que mata não é o sismo, mas as construções em que vivemos”
Especialista do IPMA garante que a região de Leiria tem uma perigosidade sísmica baixa, mas alerta para a vulnerabilidade das construções em caso de ocorrência destes fenómenos.
Na semana passada, um sismo de magnitude 6,2 na Escala de Richter, com epicentro na província de Rieti, em Itália, já provocou até ao momento 290 mortos e a ruína de dezenas de edifícios. O JORNAL DE LEIRIA foi tentar perceber qual a exposição da nossa região a estes fenómenos e que impactos poderão ter.
Fernando Carrilho, geofísico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), garante que a região de Leiria está numa “zona de perigosidade baixa”. O terramoto “mais significativo na região nos últimos tempos” foi o que sucedeu há cerca de duas semanas, com epicentro a cerca de 80 quilómetros de Peniche, na falha da Nazaré, com uma magnitude de 4,1.
Aliás, Portugal, comparando com a Europa, “é uma zona de perigosidade baixa e baixa moderada, onde Algarve e Lisboa e Vale do Tejo claramente se destacam”. Este especialista reforça que “o que mata não é o sismo, mas as construções em que vivemos e aí há muito a fazer. Desde que se construa segundo as regras de construção antisísmicas os índices de segurança serão maiores. Não previne tudo, mas evita que haja colapsos”.
Em Portugal, a história ficou marcada pelo sismo de 1 de Novembro de 1755, que atingiu uma magnitude aproximada de 8,75 e que deu origem a um tsunami com cerca de 15 metros de altura, tendo provocado grande número de mortos e destruição de edifícios na cidade de Lisboa.
Este terramoto, que segundo a página da Protecção Civil teve o seu epicentro no acidente tectónico de Açores- Gibraltar, teve também impacto na região, sobretudo na zona Oeste.
“A carta das máximas intensidades observadas até à actualidade permitenos concluir que o risco sísmico no Continente é significativo. As maiores densidades demográficas e a concentração de parte significativa do tecido sócio-económico nacional situam- se ao longo do litoral, precisamente nas áreas com maiores intensidades sísmicas observadas ao longo do tempo”, refere ainda a página da Protecção Civil, que coloca a região de Leiria numa zona de densidade VIII (escala de Mercalli), sendo as piores Lisboa e Algarve.
Segundo o Plano Municipal de Emergência de Protecção Civil (PMEPC) da Câmara de Leiria, um dos poucos da região que abordam com alguma profundidade a questão dos sismos, classifica o concelho na zona de intensidade 8, sendo que a freguesia de Santa Catarina da Serra e Chaínça é abrangida pela zona de intensidade 9.
Fernando Carrilho explica que esta classificação é com base na “intensidade máxima, que representa os valores máximos históricos observados na zona”.
O PMEPC acrescenta que geologicamente, a cidade de Leiria assenta sobre uma estrutura anticlinal diapiríca, de natureza salífera, alongada segundo Nordeste-Sudoeste que se instalou ao longo do grande alinhamento estrutural Pombal-Leiria- Caldas da Rainha.
Embora a sismicidade em Portugal Continental seja considerada de pequena amplitude, a registar-se na região qualquer actividade sísmica, média ou moderada, normalmente o seu epicentro ocorrerá, em princípio ou com certa probabilidade, no Oceano Atlântico - Falha Açores/Gibraltar, refere o documento de Leiria, que alerta, contudo, para as cons
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