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O Saque da Cidade. Livro da exposição de 1977 é um desafio para repensar Leiria
O catálogo chega 46 anos depois do evento mas os promotores da iniciativa consideram que continua actual e avisam que os interesses imobiliários voltam hoje a ameaçar a preservação do património e do espaço público
“Com mais esta ideia de facilitar a reconstrução nos centros históricos, está-se mesmo a ver o que vem por aí”, avisa um dos responsáveis pelo catálogo O Saque da Cidade de Leiria, da exposição realizada há 46 anos. José Marques da Cruz admite que “é altura novamente de acordar a consciência” e travar “o que está a acontecer” hoje, em 2023. “Você não consegue tirar uma fotografia sem apanhar duas ou três gruas”, comenta. “Não consegue ver um edifício antigo que não tenha uma mansarda ou um andarzinho a mais”.
Em Maio de 1977, sob a coordenação de Jorge Estrela, e com o envolvimento de José Marques da Cruz, Rui Ribeiro e outros leirienses, a exposição O Saque da Cidade de Leiria, no átrio do Teatro José Lúcio da Silva, quis “rememorar a maior parte do património urbano já perdido” e, principalmente, impedir quem “desordenadamente, promovia a substituição da cidade” de anteriores gerações “por uma outra de aparência mais moderna, mas também mais incaracterística, pobre e fria”, lê-se, na introdução do catálogo.
A ideia “era apelar à consciência dos habitantes” e mostrar-lhes “o caminho caótico que o urbanismo, em Leiria, vinha traçando”, em nome “de uma arcaica ideia de progresso e desenvolvimento, amparado no lucro fácil e na livre especulação imobiliária”, que esmagava “vestígios históricos” e criava um “vazio deixado pela destruição”.
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